Eleições 2024: candidatos de Bolsonaro crescem mais do que os apoiados por Lula

A nova rodada da pesquisa Quaest mostra que, a pouco mais de duas semanas da eleição, os candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que têm adotado estratégias distintas em relação à exposição do padrinho nas campanhas, tiveram variações mais positivas do que os nomes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas capitais. É o que aponta um levantamento com base nas intenções de voto medidas em 24 cidades nos últimos dias e que considera os dois últimos levantamentos feitos pelo instituto.

Em 17 capitais, aliados de Bolsonaro registraram melhora nas intenções de voto. Nesse grupo, seis tiveram crescimento, considerando a margem de erro. Já entre os apoiados pelo petista, houve oscilação positiva em sete capitais e crescimento apenas em Fortaleza, onde Evandro Leitão (PT) passou de 14% para 21%.

Os resultados passam tanto pela tática de se colar em Bolsonaro quanto em se distanciar. Os candidatos do PL que lideram as pesquisas eleitorais em capitais do Nordeste, por exemplo, vêm se desvencilhando do ex-presidente, em uma estratégia para escapar do impacto de sua rejeição em uma região majoritariamente lulista. Emília Correia, em Aracaju; João Henrique Caldas, o JHC, em Maceió; e André Fernandes, em Fortaleza, evitam nacionalizar a disputa e associar a imagem ao ex-presidente, em um plano oposto, por exemplo, ao de Alexandre Ramagem, que ganhou fôlego no Rio após intensificar a presença do aliado na TV.

Questões locais

À frente dos rivais em Aracaju, Emília Correia passou de 26% para 36%. Ainda na pré-campanha, Bolsonaro esteve na capital sergipana, mas a candidata do PL ignorou a visita nas redes sociais. Como justificativa, ela disse que “nunca foi ativista de nada”.

Em menor grau, a distância também acontece em Fortaleza, onde André Fernandes chegou a participar de um evento com Bolsonaro em agosto, mas não tem usado a figura do ex-presidente na propaganda eleitoral e também evita se associar a ele nos debates com outros candidatos. Na cidade, Fernandes subiu sete pontos e empata com Capitão Wagner (União) e Evandro Leitão na liderança.

Desde que começou a campanha, os candidatos do PL em Fortaleza e Aracaju citaram Bolsonaro em publicações no feed do Instagram apenas uma vez, ainda em agosto, quando o ex-presidente visitou Fortaleza e no dia em que Emília se reuniu com ele em Brasília, respectivamente. Já o prefeito de Maceió não se referiu ao ex-presidente nenhuma vez. Ele manteve os mesmos 74% de intenções de voto contabilizados em agosto na pesquisada Quaest divulgada ontem.

No Rio, Ramagem adotou a estratégia oposta e conseguiu reduzir a vantagem de Eduardo Paes (PSD), variando positivamente de 13% para 18% das intenções de voto, ao avançar entre os eleitores que votaram em Bolsonaro. Nesse grupo, ele agora aparece com 41%, contra 39% de Paes.

Em outras capitais, houve movimentação semelhante. Em Curitiba, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) foi de 27% para 45% das intenções de voto no eleitorado do ex-presidente em 2022. Entre os candidatos apoiados por Bolsonaro, ele registrou a maior alta nas pesquisas. No quadro geral da população, o também aliado do governador Ratinho Jr. (PSD) se descolou dos demais concorrentes, avançando de 19% para 36%.

“As pesquisas mostram que o eleitorado bolsonarista está começando a se posicionar ou estava em dúvida entre candidatos, e agora definiu qual será o seu. A tendência é que esse eleitor fixe o voto com a liderança”, avalia Josué Medeiros, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Mesmo em São Paulo, onde Ricardo Nunes (MDB) manteve os 24% no quadro geral da corrida, o prefeito conseguiu reduzir a vantagem de Pablo Marçal (PRTB) nesse segmento, ao oscilar positivamente três pontos, para 35% de preferência desse grupo, contra 42% do ex-coach.

Também houve crescimento de nomes apoiados por Bolsonaro em Campo Grande, Natal e Salvador. Já as variações positivas dentro da margem de erro ocorreram, ao todo, em 11 cidades. Na capital mineira, Bruno Engler (PL) conseguiu se descolar dos rivais e aparece empatado com o prefeito Fuad Noman (PSD) na segunda posição, atrás de Mauro Tramonte (Republicanos).

“Os resultados da Quaest, em geral, mostram a força da direita. Dentro dela, onde o próprio candidato não é o garantidor das realizações no município, Bolsonaro tem servido como padrinho e trazido apoio”, afirma Luciana Veiga, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). As informações são do O Globo.

 

 

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