Pesquisas, cansaço e falta de verba “esfriam” campanha de Marçal

Estagnação nas pesquisas, cansaço físico e falta de dinheiro já começaram a afetar o ritmo da campanha do candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal. O ex-coach vem reduzindo o número de agendas públicas, algo incomum para a reta final de uma eleição dessa magnitude. Também tem se queixado de falta de dinheiro para a campanha e passou a considerar, em suas falas, a possibilidade de não ser eleito – o que vai na contramão de um reiterado discurso de vitória em primeiro turno.

Mesmo antes de ter levado uma cadeirada durante o debate da TV Cultura, no domingo (15), Marçal já havia confidenciado cansaço a alguns assessores. Pelo menos quatro compromissos foram adiados ou cancelados na semana passada, antes, portanto, do episódio. Depois da agressão cometida pelo candidato do PSDB, José Luiz Datena, o influenciador desmarcou várias outras atividades, cumprindo apenas três agendas públicas durante esta semana.

Na quinta-feira, por exemplo, Marçal desmarcou em cima da hora o seu único compromisso público, uma visita a um shopping center na zona norte da capital paulista. A justificativa dada pela assessoria do candidato foi a falta de tempo hábil para chegar ao local, que comprometeria uma outra agenda, que não foi divulgada.

“A cadeirada eu já levei, mas se me derem a cadeira [de prefeito], você vai ver a revolução que vamos fazer nesta cidade. Se não me derem, eu vou contribuir do mesmo jeito e vou tocar a vida”, disse Marçal a um eleitor, na quarta-feira. Mais tarde, em entrevista a um podcast de policiais, ele voltou a considerar a hipótese de não triunfar nas urnas. “Espero o voto do povo para eu servir eles (sic). Se não vier o voto, vou seguir a minha vida em paz.”

Sempre que é questionado por jornalistas sobre os cenários de um eventual segundo turno, o candidato se recusa a responder, garantindo que será eleito prefeito de São Paulo em 6 de outubro. Questionados sobre a mudança de tom nos últimos dias, assessores de Marçal garantem que ele segue confiante na vitória em primeiro turno, apesar do que mostram as pesquisas.

Após um crescimento acentuado, a ponto de aparecer próximo da liderança em algumas sondagens, o ex-coach estagnou. Levantamento do Datafolha divulgado na quinta, mostrou-o estável em terceiro lugar, com 19% das intenções de voto. Pesquisa Quaest apresentada na véspera apontou oscilação negativa, de 2 pontos percentuais, para 20%.

Nenhuma hipótese

Os números do influenciador movimentam-se mais, no entanto, quando o tema é rejeição. De acordo com o Datafolha, 47% dos eleitores declararam que não votariam nele em nenhuma hipótese, alta de 3 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior e de 17 pontos na comparação com o início da campanha, em agosto. O aumento da rejeição desde então coincide com uma queda de 66% no interesse pelo ex-coach nas buscas feitas no Google.

Marçal tem dito que a única rejeição que o preocupa é aquela acima de 50%, possibilidade que ficou maior nas últimas semanas. Seus principais conselheiros entendem que o candidato tem condições de reverter este movimento nas próximas semanas. Uma viagem aos Estados Unidos pode estar entre as “surpresas” preparadas por ele para recuperar terreno na corrida municipal.

Outro desafio verbalizado com mais frequência pelo candidato é a falta de dinheiro. O PRTB, partido de Marçal, não teve direito ao Fundo Partidário por conta dos resultados obtidos na última eleição, que ficaram abaixo do mínimo exigido. Questionado por um eleitor sobre a ausência de propaganda na zona leste, Marçal respondeu: “Falta de grana na campanha. Tamo (sic) remando com o que dá, irmão”.

Nesse cenário, ele tem aproveitado a participação em podcasts para pedir doações. “Se vocês quiserem ajudar, estou em um campo de batalha e a única coisa que está faltando é munição”, afirmou o candidato no sábado (21) . “Se por acaso chegar ao dia 6 e eu perder a eleição, terá sido por falta de munição”, completou. As informações são do jornal Valor Econômico.

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