Empresas de apostas online recebem R$ 3 bilhões de beneficiários do Bolsa Família em agosto

Em agosto, 56 empresas de apostas e jogos de azar online receberam um total de R$ 20,8 bilhões em transferências. Desse montante, aproximadamente R$ 3 bilhões foram enviados por 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família (PBF), resultando em uma média de gastos de R$ 100 por pessoa via Pix. A análise técnica do Banco Central (BC) destaca que cerca de 4 milhões de chefes de família, que recebem diretamente o benefício, foram responsáveis por R$ 2 bilhões (67%) desse total.

O estudo do BC indica que entre 17% dos cadastrados no programa participaram de apostas durante o mês de agosto. Para 2024, as transferências mensais para essas empresas de apostas estão projetadas entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões. A identificação das empresas foi feita por meio de citações na internet e filtros baseados em características típicas de transferências relacionadas a apostas, uma vez que muitas não se classificam corretamente no CNAE específico para jogos de azar.

Em comparação, as loterias arrecadaram R$ 1,9 bilhão em agosto de 2024, enquanto as empresas de apostas registraram uma média de R$ 300 milhões com 520 CNPJs ativos identificados. O BC estima que aproximadamente 15% do valor apostado seja retido pelas empresas, com o restante destinado a prêmios.

A análise, solicitada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), reconhece desafios, uma vez que muitas operam sob nomes diferentes dos divulgados e não estão corretamente classificadas no setor econômico. A análise também destaca que os resultados são estimativas preliminares, com a necessidade de um aprofundamento adicional.

Perfil dos apostadores

A pesquisa indica que cerca de 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar, realizando pelo menos uma transferência via Pix. A maioria dos apostadores está na faixa etária entre 20 e 30 anos, mas pessoas de várias idades também participam. O valor médio das transferências aumenta com a idade, sendo em média R$ 100 por mês para os mais jovens, enquanto apostadores mais velhos superam R$ 3 mil mensais.

O Banco Central observa que as famílias de baixa renda são as mais impactadas pela atividade de apostas, sugerindo que o apelo comercial do enriquecimento por meio das apostas é mais atraente para aqueles em situação de vulnerabilidade financeira. O BC afirma estar monitorando o tema e buscando mais dados para avaliar as implicações econômicas e sociais das apostas online.

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