Delegação de jovens que vão à COP29 lança campanha de arrecadação fundos para garantir participação

Vinte e dois jovens brasileiros vão participar COP29, a Cúpula do Clima das Nações Unidas (ONU) que ocorrerá de 11 a 22 de novembro de 2024 em Baku, no Azerbaijão. A delegação, junto com a organização Engajamundo, lançou uma campanha de arrecadação fundos para financiar sua hospedagem durante o evento no país localizado entre o Leste Europeu e a Ásia.

Esta é a maior delegação de jovens brasileiros já enviada para uma conferência deste nível. Integrante do Engajamundo e do movimento gaúcho ecossocialista Eco Pelo Cima, Carolina Oliveira Dias é de Caçapava do Sul (RS) e integra o grupo de jovens brasileiros. Cientista social e política formada pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa São Borja), ela atua como professora e ativista por justiça climática e convida a todos para apoiar a delegação, através da campanha no site Benfeitoria.

Carolina destaca a importância da conferência neste ano. “Apesar de muitas pessoas estarem com os olhos virados só para a COP30, por ser no Brasil, em Belém (PA), a COP29 acaba sendo uma conferência ainda mais urgente, porque esse ano estamos em um contexto de muita sensibilidade por conflitos armados muito relacionados a exploração do petróleo e falta de respeito pelas comunidades locais.”

Segundo ela, a emergência climática e o aumento de grandes desastres em todo o mundo torna o debate ainda mais relevante. “A própria presidência da COP29 está propondo uma nova meta de financiamento climático, movimentações históricas para as conferências de clima, que muitas vezes são tão alegóricas e sofrem uma influência grande demais de indústrias não sustentáveis (como a energia nuclear).” 

Direitos da natureza como centro

A jovem explica que o Engajamundo foi fundado a partir da COP21 e tem suas raízes na pressão social por parte das juventudes na conferência, dando oportunidade que jovens estejam em espaços de tomada de decisão. “Esse ano estamos propondo nossa incidência mais ambiciosa até então, propondo um plano conduzido por juventudes de Transição Econômica completa que pensa os direitos da natureza como centro”, conta.

O que, segundo Carolina, inclui não só a transição energética “justa e acessível gestionada pelas próprias comunidades”, como também acesso ao Fundo de Perdas e Danos para ações de adaptação e mitigação, a tentavida da inclusão da taxação de grandes fortunas para financiar adaptação territorial dentro do Plano Clima e a proposta de uma lógica de decrescimento, “entendendo que é possível continuar desenvolvendo a economia sem realizar as ações danosas  dos principais setores econômicos se mudarmos a lógica da exploração baseada em lucro”.

“Além de irmos com times de ativismo, comunicação e advocacy, teremos pessoas, eu inclusa, acompanhando diretamente as negociações oficiais em inglês e seus resultados, buscando formas de incidir no Itamaraty e na negociação internacional através da constituinte de juventudes YOUNGO, grupo oficial de jovens da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC)”, afirma.

Incentivar outros jovens

Carolina destaca ainda a importância de jovens gaúchos nesse espaço, que é praticamente nula. “Existe pouco incentivo pra nossa participação nesse espaço e ainda muito preconceito com o RS, ainda muito atrelado a um estado que é visto como vendido totalmente ao agronegócio, deixando nós de movimentos sociais apartidários e independentes que articulam com as comunidades à margem dos espaços.” 

Ela pontua que RS sofre diretamente com o carvão e que vai seguir abaixo d’água se nada mudar. “Quero trazer esse protagonismo e incentivar outros jovens do estado a estarem nesses lugares mostrando que a resistência aqui no RS quer que as populações marginalizadas deixem de ser marginalizadas, que é possível ter economia do Pampa que não seja monocultivo e que, quando trazemos a historia do nosso estado, falando sobre o genocídio indígena e de outras populações racializadas pra esse apagamento, pessoas de outros estados se identificam mais e abrem portas para diálogos”, comenta.

A captação coletiva está aberta até dia 15 de outubro e visa arrecadar R$ 20 mil. Para contribuir, acesse o site https://benfeitoria.com/projeto/engajamundonacop29


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