Ministério da Agricultura espera concluir embargos de exportação de frangos nos próximos dias

O governo federal tem concentrado esforços na resolução de embargos que ainda afetam produtos brasileiros em mercados internacionais, especialmente no estado do Rio Grande do Sul.

Segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luiz Rua, há expectativa de que, após o período de 90 dias estipulado para a reavaliação, esses mercados possam reabrir suas portas.

“Estamos trabalhando ativamente para que, dentro desse prazo, as condições sejam favoráveis e esses mercados retenham nossos produtos”, afirmou o secretário à CNN.

Países como México, China, Arábia Saudita e Macedônia ainda mantêm restrições à importação de produtos originados do RS, devido a preocupações sanitárias e fitossanitárias. Esses embargos têm causado perdas significativas para os exportadores e agricultores locais, já que esses mercados representam uma parte importante das exportações brasileiras.

As restrições temporárias são baseadas em questões de saúde, segurança alimentar ou ambientais. No caso do Rio Grande do Sul, a principal preocupação está relacionada ao controle de doenças nos animais e práticas agrícolas sustentáveis, especialmente após ter sido detectada uma infecção pela doença de Newcastle em uma das granjas da região em julho deste ano.

O México e a China têm sido os mais resistentes e mantém os embargos às aves de todo o estado. Os outros dois países possuem restrições apenas a regiões próximas ao episódio de julho. Mas, segundo Rua, o trabalho do Mapa está sendo feito para sanar todas as dúvidas dos países e restabelecer as exportações.

“Eu acho que é uma questão de apresentar para eles as informações que são solicitadas e aquilo que deve fazer uma deferência ao trabalho. Por exemplo, da Secretaria de Defesa Agropecuária, do Departamento de Saúde Animal, que tem tido um trabalho exemplar de resposta rápida e precisa”, explicou.

A negociação com esses mercados visa garantir que essas restrições sejam revisadas e que os produtos brasileiros possam voltar a ser comercializados de maneira segura e sem maiores obstáculos.

“Assim que eles entenderem, e o Brasil tem dado, do ponto de vista do governo, acho que também do ponto de vista do setor privado, todas essas informações, naturalmente, dependerá de uma decisão soberana de cada país”, frisou.

Outro ponto destacado por Luis Rua foram os avanços do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que pode multiplicar os negócios brasileiros.

A ideia é reduzir as barreiras tarifárias e facilitar o acesso de produtos sul-americanos, incluindo os brasileiros, ao mercado europeu. No entanto, as negociações estão em um momento delicado, tanto do lado político dos países, quanto das constantes reclamações de sindicatos de agricultores que temem ter produtos brasileiros despejados na Europa.

As implicações para o Brasil podem ser profundas, pois envolvem a adaptação de práticas agrícolas e a adequação de processos produtivos, algo que pode gerar custos adicionais para os produtores.

A questão ambiental continua sendo o principal ponto de discordância, e o Brasil está tentando garantir que o acordo beneficie tanto os interesses ambientais quanto o desenvolvimento econômico dos países do Mercosul.

“Eu, que sou um otimista por natureza, entendo que a gente está chegando a um bom porto. Acho que faltam poucas arestas a serem limadas e acho que também é um momento positivo para se fechar o acordo. É um acordo complexo, um acordo que envolve 32 países, mas existe pelo menos o disposto, a vontade de se chegar a um bom senso. Essa é a nossa expectativa para um prazo curto, que a gente tenha essa pauta positiva”, pontuou.

A repórter viajou para a Sial Paris, uma das maiores feiras de alimentação do mundo, a convite da BRF/Marfrig.

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