Polícia indicia por quatro crimes mulher suspeita de matar grávida para ficar com o bebê em Porto Alegre


Suspeita, que está presa, deve responder por homicídio qualificado, aborto, dar parto alheio como próprio e ocultação de cadáver. Crime ocorreu em 14 de outubro. Suspeita de matar mulher grávida para ficar com o bebê em Porto Alegre
Divulgação/Polícia Civil
A Polícia Civil indiciou por homicídio qualificado, aborto, dar parto alheio como próprio e ocultação de cadáver a mulher suspeita de matar uma grávida para ficar com o bebê, em Porto Alegre, no dia 14 de outubro. A conclusão do inquérito foi apresentada, nesta segunda-feira (4), pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
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A suspeita, identificada como Joseane de Oliveira Jardim, de 42 anos, está presa preventivamente desde 16 de outubro. A advogada Sharla Rech, que defende a investigada, diz esperar que o caso seja levado a júri, “reafirmando sua confiança na participação popular e no compromisso com um julgamento que respeite o devido processo legal e as garantias fundamentais” (leia a íntegra do posicionamento abaixo).
A vítima é Paula Janaína Ferreira Melo, de 25 anos. Os corpos de Paula e do bebê foram sepultados, no dia 17 de outubro, no Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Thiago Carrijo, a morte dela ocorreu em razão de agressões na cabeça.
“A vítima foi morta por traumatismo crânio-encefálico. Essa é a causa mortis da Paula. A gente não consegue precisar ainda o que foi usado, se foi uma barra de ferro ou uma madeira.”, diz o delegado Thiago Carrijo.
A Polícia Civil afastou a participação de outras pessoas no caso. Segundo a investigação, apenas a autora e a vítima estariam no apartamento onde foi cometido o crime.
“Crime bárbaro. Atraiu uma grávida, matou, tentou fazer o parto, depois embrulhou, botou embaixo da cama. Com certeza chama muita atenção o caso, infelizmente. Não é comum”, afirma Carrijo.
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Arquivo pessoal
Entenda o caso
Segundo a Polícia Civil, Paula foi morta no dia 14 de outubro, atraída até a casa da suspeita com a promessa de que ganharia presentes para o bebê.
Após o assassinato, a suspeita teria retirado o bebê da barriga e simulado um parto. O corpo da mãe da criança foi encontrado escondido debaixo de uma cama em um dos quartos do imóvel.
“Ela tinha histórico de tentar engravidar e não conseguir. Teria perdido uma criança tempos atrás”, disse a delegada Graziela Zanelli, na época do crime.
O corpo de Paula tinha ferimentos na cabeça e um corte profundo na região abdominal. Uma faca foi apreendida no local.
“A complexidade da cena do crime que foi encontrada, a forma como a vítima estava disposta, embaixo da cama, envolta em plásticos e em um cobertor, essa cena nos chamou muito a atenção”, afirmou o delegado.
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O caso começou a ser investigado entre 14 e 15 de outubro, depois que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) levou a suspeita, junto do bebê morto, até o Hospital Conceição, em Porto Alegre. Exames apontaram que ela não podia ser a mãe, e a polícia foi chamada em seguida.
“Ela preparou para a criança nascer no mesmo dia do aniversário dela, 14 de outubro. A princípio, inventou para toda a família e amigos que estava grávida”, relatou a delegada Graziela Zanelli.
Conforme relato do Samu à polícia, vizinhos da suspeita entraram em contato por telefone para pedir ajuda para ela. No local, a equipe médica encontrou a mulher em um cenário que dava a entender que ela tinha dado à luz. De acordo com a delegada Graziela Zanelli, a suspeita simulou o parto.
“Ela criou uma cena de que ela teria dado a luz, na sala, com sangue e a criança entre as pernas dela”, conta a delegada Graziela.
De acordo com o delegado, a suspeita abordava as possíveis vítimas em redes sociais, com promessas de presentes para os filhos delas. No caso de Paula, a aproximação ocorreu porque a grávida acreditou que receberia um carrinho de bebê. Ela também enviava falsos exames de gravidez, segundo a polícia.
“Fazia contato via redes sociais, dizendo que ela tinha ganhado muitas coisas durante a gravidez dela e queria doar, muito provavelmente buscando outras vítimas”, explicou Carrijo.
Em depoimento à polícia, o marido da suspeita sustentou que nos últimos meses acreditava que a esposa realmente estivesse grávida. Segundo o delegado, o homem disse, inclusive, que recebia exames médicos da mulher.
“Muito provavelmente ela conseguia os exames na internet. Exames falsos que ela propagava não só para o marido, mas também no meio dela, colegas de trabalho, vizinhos, para criar toda uma situação de que estaria grávida”, pontuou Carrijo.
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Nota da defesa:
“A respeito da conclusão do inquérito policial envolvendo Joseane de Oliveira Jardim, a Defesa comunica que, uma vez oferecida a denúncia, todos os fatos poderão ser avaliados com maior profundidade. O encerramento desta fase preliminar marca o início de uma análise mais detalhada, essencial para a compreensão da complexidade do caso.
A Defesa ressalta seu interesse em que o julgamento seja conduzido pelo Tribunal do Júri, reafirmando sua confiança na participação popular e no compromisso com um julgamento que respeite o devido processo legal e as garantias fundamentais.
Reconhecendo a importância e o impacto do caso na comunidade, os signatários permanecem firmes no compromisso de zelar para que sejam respeitadas as garantias fundamentais e a justiça.”
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