Camp realiza roda de conversa sobre racismo estrutural na véspera de Feira de Economia Popular Solidária Antirracista

Iniciou nesta quarta-feira (6) e se estende até sexta-feira (8) a Feira de Economia Popular Solidária Antirracista, em Porto Alegre (RS). O evento é na Praça XV, no Centro Histórico, próximo ao mercado, em uma promoção do Centro de Assessoria Multiprofissional (Camp) e outras entidades parceiras como a Fundação Luterana de Diaconia e o Fórum de Mulheres Negras na Economia Popular e Solidária.

Na terça-feira (5), foi realizada uma rodada de conversa entre a assessora do Camp, Gilciane Beatriz Aguiar Das Neves (Gil Neves), a advogada Letícia Lemos da Silva e os 15 trabalhadores (empreendedores) que terão bancas na feira, sobre propostas de como desconstruir o racismo estrutural através deste tipo de atividades. Letícia Lemos da Silva, além de criminalista, é assessora jurídica do Conselho Regional de Psicologia (CRP).

Ela é também especialista na questão do “racismo estrutural em nosso país”, conforme expressou na abertura de sua palestra. A conversa que foi entre os articipantes negros e brancos da Feira teve o objetivo de fazer com que estas atividades, que serão muitas no próximo ano, ajam no sentido de desconstruir o racismo estrutural. Segundo Letícia, 53% da população brasileira é composto de pessoas negras ou pardas descendentes, de imigrantes  escravizados na África e que foram trazidos ao Brasil para trabalhar gratuitamente para os colonizadores. 

A maior parte dessa população está marginalizada na economia e tem a maior taxa de desemprego, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Na sua maioria são mulheres negras e foram elas que iniciaram o ‘empreendedorismo’ com suas quitandas já bem conhecidas na história econômica do país. Porém esta situação fica esquecida na hora de se organizar as representações”. Leticia frisou que os representantes da Economia Popular Solidária na estrutura governamental são homens e mulheres brancas.


Gilciane explica as normas de fincionamento da Feira de Economia Popular Solidária Antiracista / Foto: Wamaro Paz

Gilciane, por sua vez, contou que “a Feira de Economia Popular Solidária Antiracista nasceu do objetivo do Camp em desenvolver ações e atividades que levem as pessoas a refletir e construir ações que possam eliminar o racismo, a partir de rodas de formação e processos de comercialização em feiras desde 2016”.

As normas do evento foram explicadas detalhadamente e a conversa que iniciou às 14h somente terminou às 18h, depois de muitos questionamentos e explicações. Os feirantes ocuparão suas bancas por ordem de chegada, serão 15 espaços de 2mx2m. Os produtos serão artesanatos de diversos tipos, desde panos de pratos até bonecas de gesso pintado. E no mês de dezembro haverá uma nova feira.


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