Vereador Pablo Melo é afastado após operação que apura suspeita de corrupção na Secretaria da Educação de Porto Alegre


Polícia Civil suspeita que vereador pelo MDB tenha intermediado compras supostamente ilícitas realizadas pela Smed. Afastamento tem validade de 180 dias. Vereador de Porto Alegre Pablo Melo (MDB)
Ederson Nunes/CMPA
O vereador de Porto Alegre Pablo Melo (MDB) foi afastado da função pública após decisão da Justiça. A medida foi solicitada pela Polícia Civil no âmbito da Operação Capa Dura, que apura suspeitas de corrupção na Secretaria Municipal da Educação (Smed).
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A polícia cumpriu o mandado de afastamento por 180 dias nesta terça-feira (12). Também existem mandados de busca e apreensão contra o vereador, que estava em Brasília durante o dia.
A informação foi confirmada pelos repórteres Adriana Irion e Carlos Rollsing, do Grupo de Investigação (GDI) da RBS.
Em nota, Pablo Melo afirmou se disse surpreso e indignado com a decisão, mas que vai cumprir a ordem judicial.
“Recebo com surpresa e indignação a informação de que, por decisão judicial, estou sendo afastado das funções públicas pelo prazo de 180 dias. Tenho vida pública e partidária há mais de 20 anos, sem qualquer tipo de ação ou conduta que desabone minha trajetória. Caso isso seja confirmado, cumprirei a decisão, me colocando à disposição para qualquer tipo de esclarecimento”, disse.
A investigação suspeita que Pablo Melo tenha intermediado compras supostamente ilícitas realizadas pela Smed. Em nota, a Polícia Civil afirma que a suspensão de exercício da função pública “garante a integridade das investigações, afastando suspeitos de envolvimento nos ilícitos”.
Operação
Mais cedo, a Polícia Civil cumpriu dois mandados de afastamento e prendeu dois suspeitos de envolvimento em esquemas de corrupção na Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Porto Alegre. Os mandados foram cumpridos nas residências dos investigados, na sede da prefeitura e na sede da Procuradoria-Geral do Município (PGM).
Os nomes dos alvos não foram divulgados pela polícia, mas o GDI apurou que os detidos são Reginaldo Bidigaray, ocupante de CC na PGM, e o advogado Maicon Callegaro Morais, que já atuou no Departamento Municipal de Habitação (Demhab) de Porto Alegre e que atualmente não exerce função pública.
Já os afastados são ex-vereador Alexandre Bobadra (PL) e Mateus Viegas Schonhofen, que ocupa Cargo em Comissão (CC) na PGM.
Bobadra, que não tem mais mandato, deve ficar afastado da função de servidor de carreira da Polícia Penal por 180 dias. Schonhofen ocupa a função de tesoureiro do MDB de Porto Alegre e vai ficar afastado pelo mesmo tempo.
Ao GDI, a defesa de Mateus afirmou que não teve acesso aos autos. Os advogados de Reginaldo dizem que aguardam o acesso à investigação para proceder com os esclarecimentos. Já a representação de Maicon diz que a prisão é “prematura e descabida”. A defesa de Bobadra disse que vai analisar os documentos, para verificar sobre a suposta participação ex-vereador no caso.
A Prefeitura de Porto Alegre afirmou, em nota, que “deu início às apurações, em junho de 2023, por determinação do prefeito Sebastião Melo, e dividiu todas as informações com os órgãos de controle e segurança”. “A gestão repudia qualquer malfeito com dinheiro público e seguirá atuando em plena colaboração com as investigações”, disse o cumunicado.
Polícia cumpre mandados contra suspeitos de esquema de fraude na SMED de Porto Alegre
Entenda o caso
A Polícia Civil investiga os supostos crimes de fraude licitatória, associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa na Smed.
O caso foi descoberto pelo GDI, que revelou em reportagens que, a partir de junho de 2023, houve um suposto desperdício de material escolar em depósitos e em escolas.
Na sequência, o GDI mostrou o suposto direcionamento de compras da Smed para um grupo econômico. Houve vendas de cerca de 500 mil livros didáticos e de literatura e de 104 laboratórios de ciências e matemática à Smed ao custo de R$ 43,2 milhões.
As negociações foram concretizadas entre junho e outubro de 2022. Conforme apuração da Polícia Civil, a suspeita é de que agentes públicos tenham se beneficiado com vantagens indevidas derivadas das negociações.
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