Autor de atentado em Brasília tinha histórico de violência doméstica

Francisco Wanderley Luiz, autor das explosões na Esplanada dos Ministérios em Brasília na noite de quarta-feira (13), já havia enfrentado a Justiça por um caso de violência doméstica ocorrido em 2012. De acordo com registros judiciais, Luiz foi condenado por lesão corporal e preso preventivamente em Rio do Sul, Santa Catarina, no dia 15 de dezembro daquele ano. Após um dia detido, ele foi liberado mediante pagamento de fiança.

A situação se agravou em abril de 2014, quando o homem foi condenado e passou a cumprir pena em regime semiaberto. Essa modalidade permitia que ele saísse durante o dia com restrições, incluindo a proibição de portar armas, e exigia seu retorno à noite, além de notificação em caso de mudança de endereço.

O caso de violência doméstica pelo qual Luiz foi condenado envolveu o agravante do parágrafo nono do artigo 129 do Código Penal. A legislação brasileira prevê um aumento de pena para crimes de lesão corporal quando praticados contra membros da família, incluindo cônjuges e outros conviventes, reforçando a gravidade do crime pelo uso de relações de coabitação.

A condenação foi revogada em agosto de 2014, quando o processo foi transitado em julgado, e o Ministério Público determinou a extinção da pena. Assim, Francisco pôde se candidatar a vereador em 2020, na cidade em que nasceu, já com a ficha limpa. Francisco declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter R$ 263.000,00 em bens, incluindo um apartamento, três carros e uma moto. Durante a campanha, enfrentou problemas com a Justiça Eleitoral, que desaprovou suas contas.

A decisão ocorreu porque Luiz não apresentou o extrato bancário detalhado de sua conta de campanha. No registro oficial, constava apenas uma despesa de R$ 500, enquanto o Ministério Público Eleitoral apontou outra movimentação de igual valor, cuja finalidade não foi esclarecida.

Investigação

A Polícia Federal (PF) está investigando os eventos na Praça dos Três Poderes, em Brasília, como crime de terrorismo. Em uma entrevista, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, disse que há indícios de que o autor do atentado planejou tudo por um longo período e ressaltou o potencial destrutivo do material encontrado.

“Foram construídas de maneira artesanal, mas com um grau de lesividade muito grande, com vários agentes ali, com artefatos de fragmentação que simulam uma granada. Isso, de fato, poderia causar um dano ainda maior se houvesse o intento concluído dessa pessoa. Além disso, essa pessoa portava com ela um extintor de incêndio carregado de combustível, de gasolina, que simula também um lança-chamas. No porta-malas do veículo, vários fogos de artifício montados, estruturados, inclusive apoiados em tijolos para que fossem canalizados para uma única direção. E também esse trailer, que já foi alugado há alguns meses, não foi uma coisa bem recente, e que estava em um ponto estratégico, nas proximidades do STF, o que aponta para, de fato, um planejamento de médio, talvez de longo prazo”, diz Andrei Rodrigues.

Andrei Rodrigues também falou que a PF vai investigar se Francisco participou dos atos golpistas de janeiro de 2023, quando estava em Brasília. Francisco também esteve na capital no dia 24 de agosto, e participou de uma visita guiada no Supremo. Na rede social, tem uma foto dele dentro do plenário da Corte, mas não há data exata de quando a foto foi tirada.

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