Coluna | O Lado Escondido da enchente de Maio/24: O Impacto Psicológico

A crise climática, com seus eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos, tem desencadeado uma série de desafios que vão além dos danos materiais. Um dos impactos menos visíveis, mas não menos importantes, é a profunda ferida que essas catástrofes causam na saúde mental das pessoas.

Diversos estudos científicos têm demonstrado a relação direta entre desastres naturais e o desenvolvimento de problemas de saúde mental. A Associação Americana de Psicologia estima que entre 25% e 50% das pessoas expostas a um desastre climático podem desenvolver algum tipo de transtorno mental. (Associação Americana de Psicologia, 2023).

O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é um dos mais comuns após um desastre natural. Sintomas como pesadelos, flashbacks, irritabilidade e dificuldade em se concentrar são frequentes em indivíduos que vivenciaram eventos traumáticos. (Breslau, N., & Peterson, E. L., 2008).

Além do TEPT, a depressão e a ansiedade são consequências comuns. A perda de entes queridos, de bens materiais e a sensação de desamparo podem levar ao desenvolvimento de depressão. A incerteza sobre o futuro e a adaptação a novas condições de vida podem gerar níveis elevados de ansiedade. Um estudo realizado no Reino Unido demonstrou que pessoas que vivem em áreas com altos níveis de poluição do ar têm 40% mais chance de desenvolver depressão (Dayana Rosa, 2024).

A exposição a eventos traumáticos, como desastres naturais, pode desencadear uma série de respostas psicológicas complexas. A perda e o sofrimento, a incerteza e o isolamento social são fatores que contribuem para o desenvolvimento de problemas psicológicos. Além disso, a exposição prolongada a situações de estresse pode levar ao desgaste físico e emocional, aumentando a vulnerabilidade a doenças mentais.
É fundamental buscar ajuda profissional, manter contato com amigos e familiares, cuidar de si mesmo e participar de grupos de apoio para lidar com os impactos psicológicos de um desastre natural. A terapia cognitivo-comportamental, por exemplo, tem se mostrado eficaz no tratamento de transtornos de ansiedade e depressão relacionados a traumas. (Foa, E. B., & Rothbaum, B. O., 1998)
A prevenção é a melhor forma de lidar com essa questão, investindo em medidas de adaptação às mudanças climáticas e em sistemas de alerta precoce. A construção de comunidades resilientes, com redes de apoio sólidas e acesso a serviços de saúde mental, é fundamental para minimizar os impactos psicológicos dos desastres naturais.

Os desastres naturais representam uma ameaça significativa para a saúde mental das pessoas. É preciso investir em pesquisas e programas de prevenção e tratamento para que as pessoas possam se recuperar e reconstruir suas vidas após esses eventos traumáticos. Além disso, é fundamental que a sociedade como um todo reconheça a importância da saúde mental e ofereça o apoio necessário para aqueles que mais precisam.

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