“Chegaram muito perto”, diz Lewandowski sobre plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Os suspeitos de planejar a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes “chegaram muito perto” de atingir o objetivo,. É o que afirmou, nesta terça-feira (19), o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

“Em vários momentos, chegaram muito próximo, rondaram o apartamento funcional do ministro Alexandre de Moraes”, disse a jornalistas na sede do Ministério da Justiça, em Brasília.

Nesta manhã, a PF prendeu quatro militares do Exército — um da reserva e três da ativa — e um policial federal em operação que apura uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula. Lewandowski disse que se tratou de uma “ação isolada, mas grave” de pessoas que estavam “em postos de comando da República — em nível inclusive ministerial, se suspeita”.

Segundo o ministro, as instituições trabalharam na época dos fatos para garantir eleições seguras e não houve falha dos órgãos de segurança. “Não se poderia suspeitar que, possivelmente, um golpe de Estado estivesse sendo urdido no Palácio do Planalto”.

“A dimensão dessa ação criminosa está sendo objeto de investigação”, declarou. Segundo Lewandowski, a PF está “decepcionada” que um dos seus integrantes “participou dessa tentativa de golpe, de abolição violenta do Estado democrático de Direito, e de organização criminosa”.

O ministro da Justiça também afirmou que não há nas investigações um detalhamento sobre uma possível participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos fatos revelados pela PF nesta terça. “Isso será alvo de investigações futuras, em relação a outros mencionados no inquérito”, afirmou.

“Os fatos são gravíssimos, absolutamente inaceitáveis, e colocaram em risco não apenas as instituições republicanas, mas a vida do brasileiro, o cotidiano dos cidadãos e das cidadãs”.

Moraes vigiado

A Polícia Federal aponta em relatório enviado ao Supremo que o ministro Alexandre de Moraes passou a ser monitorado por militares bolsonaristas em novembro de 2022, depois de uma reunião realizada na casa do então candidato à vice-presidente, general Walter Souza Braga Netto (PL).

“Considerando o contexto apurado, levando-se em conta as informações disponíveis, o Ministro Alexandre de Moraes estava sendo monitorado, pelo menos, desde novembro de 2022”, sustentam os delegados Fábio Shor, Rodrigo Morais Fernandes, Elias Milhomens e Luciana Caires.

“Esse monitoramento teve início, temporalmente, logo após a reunião realizada na residência de Walter Braga Netto, no dia 12 de novembro de 2022”, afirmam.

Participaram do encontro na casa de Braga Netto, ainda de acordo com os investigadores além do então candidato a vice-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid, o major Rafael de Oliveira, lotado no Batalhão de Ações e Comando e kid preto, e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, assistente do Comandante Militar do Sul e kid preto.

A PF afirma que o planejamento operacional para a atuação dos kids pretos foi apresentado e aprovado durante a reunião.

“Os elementos de prova já juntados aos autos indicam que os investigados Rafael de Oliveira e Helio Ferreira Lima, entre os dias 21 e 23 de novembro de 2022, já estariam colocando em prática os atos de monitoramento do ministro Alexandre de Moraes na cidade de Brasília/DF, para cumprimento de uma eventual ordem de prisão a ser desencadeado pelo então presidente da República Jair Bolsonaro”, dizem os delegados.

As ações, de acordo com os investigadores, “foram executadas com a ciência e a participação de Cid e Marcelo Câmara, fornecendo detalhes da localização do ministro, mediante a arregimentação de fonte humana, que tinha acesso a tais dados”.

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