Facção criminosa que movimentou R$ 32 milhões é desarticulada; esquema era comandado de presídio em Pelotas

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), desarticulou nesta sexta-feira (22) um esquema comandado por uma facção criminosa operando de dentro do Presídio Regional de Pelotas (PRP). As operações Caixa-Forte II e El Patron, realizadas em parceria com autoridades de Santa Catarina e Paraná, envolveram mais de 700 agentes, helicópteros e o cumprimento de 19 mandados de prisão preventiva e 156 de busca e apreensão.

Esquema criminoso e movimentação financeira

A investigação revelou que a facção atuava em diversos crimes, incluindo tráfico de drogas, entrada de materiais ilícitos no PRP, agiotagem com juros abusivos e lavagem de dinheiro. A organização movimentou mais de R$ 32 milhões, utilizando laranjas, empresas de fachada e até um aplicativo de microcrédito para disfarçar suas atividades.

Segundo o promotor Rogério Caldas, o lucro do tráfico financiava a agiotagem, enquanto os rendimentos desta prática eram reinvestidos em novos crimes. Os juros cobrados pela organização variavam de 50% a 280%, com métodos de cobrança violentos.

Operação Caixa-Forte II

A facção operava um esquema hierárquico dentro do presídio, envolvendo detentos e até um policial penal, que foi preso. Uma revista no PRP resultou na remoção de oito líderes da organização e apreensão de celulares, drogas e documentos financeiros.

A primeira fase da operação, realizada em dezembro passado, revelou a movimentação de R$ 2,6 milhões em 10 meses, oriundos de tráfico e entrada de celulares no presídio.

Operação El Patron

Focada na lavagem de dinheiro e agiotagem, a operação identificou a utilização de 1,3 mil contas bancárias para movimentar os recursos ilícitos. Além disso, foram bloqueados 28 veículos, quatro imóveis e outras propriedades adquiridas pela facção. Empresas como açougues, frigoríficos e imobiliárias serviam como fachada para os crimes.

Resultados e crimes investigados

As ações ocorreram em 13 cidades nos três estados do Sul, com destaque para Pelotas, Santa Catarina e Paraná. Foram investigados crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e corrupção. No total, mais de 100 pessoas estão sendo investigadas, incluindo 27 detentos e 10 empresas.

A operação reforça o compromisso das autoridades em desarticular as estruturas financeiras e operacionais de facções criminosas no Brasil.

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