Jair está fora de 2026: o nome Bolsonaro, não

A conclusão do inquérito da Polícia Federal com novo indiciamento de Jair Bolsonaro, ontem, inviabiliza-o para a disputa presidencial de 2026. Por mais que digam o contrário em público, políticos do entorno do ex-presidente não consideram factível reconquistar sua elegibilidade. Por outro lado, chegam à seguinte conclusão: Jair está inelegível, Bolsonaro não.

A frase resgata a possibilidade de “o capitão” passar o bastão para os filhos na corrida ao Planalto. A hipótese, que era praticamente descartada até então, passou a ser considerada novamente nas rodas de conversa dos bolsonaristas. Uma leitura interna é que a investigação vai reavivar a polarização. Mas é preciso o DNA da família para manter a “franquia política” de Bolsonaro viva, diz um interlocutor.

Três filhos de Bolsonaro são cotados imediatamente: Flávio, Eduardo e Carlos. O nome da ex-primeira-dama Michelle aparece à margem, porque a tendência é que concorra ao Senado pelo Distrito Federal.

Flávio é considerado o mais moderado e preferido entre políticos de centro-direita do grupo. Mas Eduardo é considerado, por ora, mais forte no contexto da polarização. Tem o marketing da proximidade com Donald Trump e coordena a CPAC – convenção conservadora – no Brasil.

Embora a direita considere que uma das vagas ao Senado em São Paulo é vitória certa de Eduardo, a aposta é que ele aceitaria “ir para o sacrifício” se necessário para manter a força do bolsonarismo.

Registro

Contudo, o plano de Jair Bolsonaro (PL) é registrar seu nome como candidato a presidente da República em 2026, mesmo estando inelegível ou condenado em processos judiciais. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, admitiu a hipótese do filho Zero-Três ser vice. O ex-mandatário gostaria de ver o filho candidato ao governo do estado de São Paulo. Mas teria que descartar o atual chefe do Executivo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O governador pode ser como cabo eleitoral da candidatura de Eduardo ao Planalto. Se o filho de Bolsonaro perder, ele terá uma vaga no secretariado do governo de São Paulo. Michelle Bolsonaro também foi cogitada para ser vice, mas a vaga deve ficar mesmo com um dos filhos do ex-mandatário.

Como ele está inelegível, é certo que a Corte deverá indeferir o registro, ao que Bolsonaro recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deverá ter o mesmo entendimento.

Com isso, ele pretende levantar o debate para fazer uma “defesa política” e declamar sua inocência perante o eleitorado enquanto a campanha eleitoral corre.

Sem mais possibilidade de recursos, o candidato a vice assumiria o posto de candidato e Bolsonaro tentaria transferir as intenções de voto dele para o sucessor na chapa.

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