Desenvolvida no RS, vacina contra o câncer de próstata usa células do próprio paciente e começa a ser testada nos EUA


Estudo está em fase final e resultados são esperados em 18 meses. Doença atinge 71 mil homens anualmente, segundo Inca. Vacina em laboratório
Reprodução/TV Globo
Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma vacina terapêutica contra o câncer de próstata que acaba de ser aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, para a realização de estudos clínicos. Esta é a primeira vez que uma tecnologia desse tipo alcança esse estágio.
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A vacina, desenvolvida em Porto Alegre pela equipe do médico Fernando Kreutz, é resultado de 25 anos de pesquisa e já está sendo testada no país norte-americano.
“A gente descobriu uma forma inédita de modificar essa célula. E é isso que faz essa vacina ser tão interessante e ter os resultados que ela tem tido. Esse é o diferencial”, explica Fernando Kreutz.
O foco está nos testes clínicos em solo americano para confirmar a eficácia do tratamento em grande escala e abrir caminho para a comercialização internacional. O resultado é esperado em 18 meses, conforme o pesquisador.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que em 2024, no Brasil, serão registrados 71 mil novos casos de câncer de próstata. Quando detectado precocemente, o índice de cura é alto.
Mas mesmo após a retirada do tumor, a doença pode retornar após um período de remissão. Isso ocorre em cerca de 30% dos casos. A vacina promete reduzir as chances de recorrência da doença a partir da tecnologia de imunoterapia personalizada, que usa células tumorais do próprio paciente. Os resultados preliminares, obtidos após estudos pré-clínicos no Brasil, mostraram redução de recorrência da doença de 36,8% para 11,8%.
“A gente executou esses estudos, acompanhou esses pacientes, alguns pacientes até por 10 anos que a gente acompanhou, para ver quais eram os efeitos. Tanto efeitos, se havia algum tipo de toxicidade, algum efeito adverso, quanto resultado da eficácia dessa terapia”, diz o pesquisador.
Futuramente, a tecnologia poderá ser adaptada para outros tipos de doença.
“Essa vacina terapêutica é para pacientes com de câncer de próstata, mas ela poderá ser aplicada em outros tipos de tumor também, como tumor de mama, tumor gástrico, tumor de intestino, tumor de pulmão. Isso vai ser um avanço significativo, não só para o Rio Grande do Sul, não só para o Brasil, mas globalmente”, celebra o médico.
O projeto contou com financiamento de um fundo de incentivo à inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia e o apoio de agências de fomento, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), além de investimentos privados e colaborações acadêmicas.
Assista abaixo a reportagem do Fantástico sobre o tema
Vacina brasileira contra câncer de próstata começa a ser testada nos EUA
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