Plano pífio faz de Haddad alvo de “fogo amigo”

O presidente Lula (PT) voltou a discutir com aliados a reforma ministerial que pretende realizar, após as eleições das novas mesas diretoras da Câmara e do Senado, em fevereiro. Um dos cargos mais ambicionados é o da ministra Nísia Trindade (Saúde), que não parece ter tomado posse e cuja pasta só gera más notícias. Mas a péssima repercussão do anúncio dos desatinos de Fernando Haddad, em novo pacote tributário travestido de “plano de cortes”, colocou o ministro da Fazenda na mira dos aliados.

Tem mais
Haddad teve desentendimentos públicos com os ministros do Trabalho e da Previdência. Com o chefe da Casa Civil já teve bate-bocas ruidosos.

Zero à esquerda
Outro desafeto de Haddad é Alexandre Padilha, mas não conta: zero à esquerda no governo, nada articula ainda se indispôs com toda Câmara.

Promessa é dívida
Luiz Marinho (Trabalho) e Carlos Lupi (Previdência) ameaçaram deixar os cargos em caso de cortes, nunca cogitados, em seus ministérios.

Olho grande
Além do Desenvolvimento Social, que controla o Bolsa Família, os ministérios da Saúde e Educação têm os maiores orçamentos.

‘Fantasmas’ na Embratur expõem briga PT x União
A nomeação de “fantasmas” pela Embratur piorou o clima, que já não estava bom, entre o PT e o partido União Brasil. A autarquia é vinculada ao Ministério do Turismo chefiado por Celso Sabino, deputado paraense do União, mas a Embratur ficou com o neopetista Marcelo Freixo (RJ), aquele que perdeu todas as tentativas de virar prefeito do Rio ou governador. O dossiê da denúncia é coisa do PT, cujo alvo é Marcelo Cebolão, ligado ao ministro, mas o União finge que não acredita nisso.

Salário ambicionado
Cebolão ocupa cargo de gerente na diretoria de marketing internacional da agência. O belíssimo salário desperta cobiça, beira os R$ 40 mil.

Marqueteiro familiar
Tesoureiro do União no Pará, presidido por Sabino, o gerente Cebolão atuou na campanha da irmã do ministro para prefeita de Colares (PA).

No PT, toma lá…
A briga incessante na esquerda por cargos e nacos de poder no governo Lula deu a Freixo a Embratur, após ele trocar o Psol e pelo PT.

Explica aí
Lula disse que o pacote Malddad “acaba a malandragem”. Referia-se aos que investem o que conseguem poupar para se proteger do governo ou aos portadores de doenças terminais que o governo resolveu tributar?

Rombo cada vez maior
Após a isenção para quem recebe até R$ 5 mil por mês, a partir do ano eleitoral de 2026, a estimativa de economistas é que apenas 12 milhões de pessoas, em 214 milhões, continuarão a pagar impostos no Pais.

Oiapoque ao Chuí
Segundo o Paraná Pesquisas desta semana, 37,4% da região Sul diz que a situação financeira pessoal piorou com Lula (PT) no governo. É a mesma percepção de 37,3% da população do Norte e Centro-Oeste.

Reação a besteirol
O ex-presidente Jair Bolsonaro reagiu à notícia de que Rui Costa (Casa Civil) atribuiu a alta do dólar ao feriado do Dia de Ações de Graças nos EUA: “Ufa, pelo menos, dessa vez, a culpa não foi do Bolsonaro”.

Suprema censura
“Quem deu poder ao STF para definir o que pode e o que não pode ser dito?” disparou o perfil oficial do Partido da Causa Operária (PCO) no “X” em resposta à fala do ministro Luiz Fux sobre “vedar temas” nas redes.

Contra a lei
Em entrevista ao podcast Diário do Poder, o senador Rogério Marinho (PL-RN) acusa o Supremo Tribunal Federal de prender envolvidos no 8 de janeiro “de forma industrial, sem individualizar as culpas”.

Difícil acreditar
Futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo diz ter “convicção no amigo pessoal Haddad” após o pacote tributário travestido de plano de corte. “Tamo f*”, reagiu o deputado Ricardo Salles (Novo-SP).

Natal do amor
Viralizou a etiqueta do preço de um peru congelado em supermercado gaúcho, nesta semana do “corte de gastos” que nunca existiu: R$410,97 pela unidade do pássaro de Natal com pouco mais de dez quilos.

Pensando bem…
…nem corte de picanha teve.

PODER SEM PUDOR
Atravessando os séculos
O historiador Sérgio Buarque de Holanda (pai de Chico) conversava com o ex-presidente Washington Luís sobre literatura, numa esquina da rua Haddock Lobo, em São Paulo, onde moravam. Um defendia a produção literária do século 18, enquanto o outro preferia a do século 17. Álvaro Augusto, filho de Sérgio, ainda garoto, perdeu a paciência: “Vocês não são do século 17 nem 18; são do século 20!…” Depois, olhou o cavanhaque branquinho do ex-presidente e corrigiu: “⁠…talvez, quem sabe, um pouco do século 19.”

Com Rodrigo Vilela e Tiago Vasconcelos

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