“Qualquer prefeito pode, em menos de 24 horas, ter plano de trabalho aprovado para receber recurso”, diz o ministro Paulo Pimenta, autoridade federal pela reconstrução do RS

Escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser a autoridade federal no Rio Grande do Sul, devastado por enchentes, o ministro Paulo Pimenta, que também comanda a Secretaria de Comunicação da Presidência, rebate críticas sobre politização da tragédia e vê as fake news como uma “estratégia de guerra” adotada para atrapalhar o governo.

1) Qual sua prioridade como ministro extraordinário do Rio Grande do Sul?

Constituir uma parceria com governo do estado, com as prefeituras, com as diversas representantes da sociedade, para que juntos possamos construir plano de reconstrução do Rio Grande do Sul, onde fique claro os papéis de cada um. Não será um ministério executor, serei articulador. Quem executa é cada ministério.

2) Há uma reclamação de prefeitos sobre demora na chegada de recursos. Como resolver isso?

Hoje qualquer prefeito pode, em menos de 24 horas, ter um plano de trabalho aprovado para receber recurso. Quero dar orientação e também facilitar para que os prefeitos saibam como agir de forma adequada.

3) O governador Eduardo Leite tem cobrado o governo?

Minha relação com o governador é ótima. Assim como prefeitos do Rio Grande do Sul. Nosso trabalho é complementar, de apoio. Vou ajudar, facilitar, fortalecer parcerias.

4) A oposição criticou sua escolha, uma vez que o nome do senhor costuma ser lembrado para disputar o governo estadual em 2026. O senhor vê algum conflito político na função?

Em primeiro lugar, não pretendo misturar agenda institucional e trabalho do governo com debate da eleição de 2026. Sei diferenciar as coisas e em nenhum momento vou abdicar do que precisa ser feito. O que eu farei em 2026 é uma discussão que não será colocada agora.

5) Mais de 100 municípios foram impactados pelo temporal no estado.
O Rio Grande do Sul tem diversos prefeitos bolsonaristas que fazem oposição ao governo. O senhor tentará se aproximar deles?

Nunca perguntei partido de prefeito, nunca perguntei partido de vereador. Minha função é institucional, estabeleço uma relação republicana e isso não vai mudar.

6) O senhor acredita que as ações anunciadas para o RS podem impactar positivamente na popularidade do presidente?

A gente não está preocupado com a popularidade do presidente nessa hora.

7) O senhor tem afirmado que fake news prejudicaram os resgates no Rio Grande do Sul. Como isso ocorre?

Na medida em que as forças de segurança precisam dedicar parte do tempo para desmentir mentiras, evidentemente que isso prejudica. Um prefeito foi vítima de uma fake news e, por conta disso, afirmou que pessoas tinham morrido na UTI de um hospital. Quando esse fato foi tornado público, o Exército foi obrigado a tirar equipes que estavam no salvamento em outros lugares para mandar ao hospital. Quando chegaram lá, não era verdade. O próprio prefeito reconheceu que foi uma fake news.

8) O senhor vê dificuldade do governo em responder fake news?

O governo não tem essa dificuldade, tanto é que todas elas foram desmentidas. Mas como ela é produzida de forma industrial, mesmo que dure uma hora, duas horas, é tempo suficiente para ser disseminada, principalmente na bolha da extrema direita. Eles dizem: “caminhões estão sendo parados porque estão exigindo nota fiscal de doações”. (O governo) Vai lá e prova que isso não ocorreu, mas aí eles argumentam que foi por causa do peso. É uma estratégia de guerra, de contrainformação.

9) Deputados dizem que o governo mira postagens críticas a ações do governo. Como vê essa crítica?

Citei vários fatos aqui, nenhum deles é opinião. Liberdade de expressão é um princípio que eu defendo, que o governo defende, liberdade de crítica da oposição, da mesma maneira.

10) A Polícia Federal abriu um inquérito a partir de um ofício enviado pelo senhor com supostas fake news. Qual punição o senhor espera para essas pessoas?

Essa pergunta tem que ser feita para a PF. O Poder Judiciário. Quem manda prender é a Justiça. A resposta é a seguinte: se alguém que cometeu crime off-line cometesse esse mesmo crime on-line, ele está protegido da responsabilização criminal? Evidentemente que não. Mas é um tema que diz respeito à polícia e ao Judiciário.

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