Impactos das enchentes na agricultura gaúcha são discutidos em Brasília

O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura da Organização dos Estados Americanos (IICA-OEA) promoveu, nessa quinta-feira (16), em Brasília (DF), um seminário para avaliação dos impactos e perspectivas após as enchentes no Rio Grande do Sul. O evento contou com a presença de embaixadores, adidos agrícolas e instituições internacionais de fomento.

A representante do Banco Mundial, Marie Paviot, e o representante do Banco de Desenvolvimento da América Latina, José Rafael Neto, relataram as tratativas já em curso, coordenadas no Estado pela secretária da Fazenda, Pricilla Santana.

O chefe da Representação Brasileira do IICA, Gabriel Delgado, o consultor Caio Rocha e o representante da direção-geral do Instituto, sediado na Costa Rica, Jorge Werthein, destacaram a situação preocupante no Rio Grande do Sul e a possibilidade de forte impacto na segurança alimentar.

A preocupação se sustenta no fato de que o Estado é um celeiro agrícola e um dos maiores produtores de proteína animal do País. O IICA está propondo ações coordenadas com o Ministério da Agricultura e Pecuária, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO-ONU).

Representando o Rio Grande do Sul, o secretário-executivo do Escritório de Representação em Brasília (EBSB), Henrique Pires, agradeceu em nome do governador Eduardo Leite, compartilhou dados recentes da Defesa Civil e fez um breve relato de iniciativas da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e da Emater/RS.

Pires destacou a importância de um planejamento conjunto, visando à recuperação de camadas cultiváveis de solo do Estado, impactadas pela chuva e pela erosão, além da preocupação com os rebanhos gaúchos.

As reuniões voltadas para a recuperação do setor rural do Rio Grande do Sul continuarão, com a participação de técnicos, responsáveis pela elaboração de análises a partir de dados que ainda estão sendo coletados. O consultor Robson Valdez, que participou do seminário no IICA, representará o EBSB nas próximas reuniões.

Soja

As fortes chuvas que castigam municípios do Rio Grande do Sul tornam certas as perdas na safra de soja do Estado. Segundo projeções da consultoria Pátria Agronegócios com base nos impactos climáticos apurados até ontem, os produtores gaúchos deverão colher 17,57 milhões de toneladas no ciclo 2023/24.

A estimativa é 2,4 milhões de toneladas inferior às projeções iniciais de colheita para o Estado. Ainda assim, representa um aumento de 35% na comparação com a safra passada, quando uma forte seca prejudicou os campos. Em abril, a consultoria projetava 19,93 milhões de toneladas.

Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios, confirmou que a revisão para a safra no Rio Grande do Sul é a mais conservadora possível dentro de um cenário em que produtores e analistas esperam novas perdas, já que as chuvas persistem e dificultam um levantamento mais detalhado da situação. “Será complicado ter a real dimensão da quebra de safra no Estado neste momento. Acredito que levará meses para conseguirmos mensurar quanto deixará de ser colhido”, afirmou.

Uma análise da consultoria mostra que as lavouras mais atingidas pelas chuvas estão na região leste do Rio Grande do Sul. No entanto, mesmo no noroeste do Estado, onde estão concentrados os principais produtores, as perdas não estão descartadas.

“No noroeste gaúcho, as lavouras não sofreram com alagamento. Porém, houve excesso de chuva que certamente irá impactar na qualidade das plantas que poderão ser colhidas”, destaca.

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