Corte de gastos: ministro da Fazenda tem vitória no salário mínimo e derrota no Benefício de Prestação

Os deputados e senadores aprovaram na sexta-feira (20) a maior parte do pacote fiscal elaborado pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Uma parcela das medidas foi recebida sem resistência pelos congressistas, já outras, não.

A maior derrota do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi em relação às mudanças do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Queria emplacar regras mais rígidas sobre o critério de renda para receber o pagamento. No entanto, a Câmara e o Senado foram contra, especialmente pelo caráter social do auxílio.

Outra baixa significativa foi a exclusão do fundo constitucional de Brasília do ajuste fiscal. Haddad propôs reajustar as despesas do fundo pela inflação. A pressão dos políticos que vivem na capital federal veio forte e a medida saiu do pacote.

Por outro lado, a trava na correção do salário mínimo foi uma vitória. Prevaleceu a vontade da equipe econômica e a remuneração será limitada a 2,5% acima da inflação.

Salário mínimo

Um dos pontos do texto é a regra para o reajuste do salário mínimo, que entre 2025 e 2030 deverá seguir o Novo Arcabouço Fiscal, de 2023. Além do crescimento mínimo assegurado de 0,6%, o reajuste poderá ser maior se a receita primária crescer mais, porém sempre limitado ao teto de 2,5% em relação ao ano anterior. Todos os benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no valor de um salário mínimo serão afetados.

O texto prevê que até 2030 o aumento real do salário mínimo seja vinculado aos índices anuais efetivos de crescimento das despesas primárias. Desse modo, a alta do salário mínimo continua a prever aumento acima da inflação com base no Produto Interno Bruto (PIB), mas ficará limitado ao crescimento das despesas dentro do arcabouço fiscal, que crescem no máximo 2,5% ao ano.

Atualmente, a correção real acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é equivalente à taxa de crescimento real do PIB do segundo ano antes da vigência do novo salário. Como o PIB de 2023 que seria utilizado na conta para 2025 foi revisto para 3,2%, a mudança nas regras deve levar a uma economia de R$ 5,2 bilhões de acordo com projeções feitas pela equipe econômica do governo federal.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2025 (PLN 3/2024), aprovada pelo Congresso Nacional na quarta-feira (18), prevê o salário mínimo de R$ 1.502 e déficit de até R$ 31 bilhões nas contas públicas no próximo ano. Atualmente em R$ 1.412, o salário mínimo deve chegar a R$ 1.502 em 2025. Sobre o valor atual, foi aplicada a reposição da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 3,35%, mais um crescimento real de 2,9%, referente à variação do PIB de 2023.

BPC 

O Benefício de Prestação Continuada é a garantia de um salário mínimo por mês aos idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. O projeto determina que o recebimento do benefício fica condicionado ao beneficiário ter um documento com cadastro biométrico e exige atualização cadastral a cada dois anos, no máximo. Em 2023, o BPC tinha 5,7 milhões de beneficiários, dos quais 3,12 milhões eram idosos e 2,58 milhões eram pessoas com deficiência.

O projeto também estabelece que, para a pessoas com deficiência, a concessão fique sujeita à avaliação que ateste grau de deficiência moderada ou grave. No entanto, a reação a esse dispositivo foi negativa no Plenário e o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), se comprometeu a garantir que ele seja vetado. As informações são do site Poder 360 e da Agência Senado.

 

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