PIB engata 4º ano de bom crescimento. Saiba o por que desse sentimento de fracasso na economia

A economia brasileira cresceu 3,4% no ano passado. Isso fecha um quadriênio bastante positivo, depois do desastre da pandemia, quando houve uma queda de 3,3%. Foram altas seguidas de 4,8% (2021), 3% (2022) e 3,2% (2023), números que podem ser considerados significativos quando se trata do Brasil. Por que então temos esse sentimento de fracasso na economia?

Números são importantes, mas não mostram tudo. O Brasil tem exibido indicadores bastante positivos nos últimos tempos, mas, em geral, são a parte meio cheia do copo.

O desemprego, por exemplo, atingiu os menores níveis históricos no ano passado — a taxa média foi de 6,6%, o melhor resultado desde o início da série iniciada em 2012 pelo IBGE, praticamente um “pleno emprego”. Mas que desemprego é esse? Dos 103 milhões de pessoas que tinham uma ocupação no ano passado, 39% estavam na informalidade. Dezenove milhões de pessoas estavam “subocupadas”, ou seja, trabalhavam menos do que gostariam.

A renda média anual cresceu 1,5% em relação a 2023, e ficou em R$ 3.225. Foi o segundo ano seguido de alta, o que poderia ser considerado bom. Mas é praticamente o mesmo valor registrado uma década antes: em 2014, o valor foi de R$ 3.125. Ou seja, a sensação é de que não saímos do lugar.

O número de famílias endividadas recuou no ano passado em relação a 2023, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio em janeiro. Caiu de 77,6% para 76,7%, uma diminuição que, na prática, significa bem pouco. O número continua alto e a sensação de todos é sempre de estar com a faca no pescoço.

Outro número divulgado nesta quinta-feira, 6, pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), mostra que a confiança do consumidor paulista na economia está em queda. Era de 100 pontos em janeiro (índice considerado como “neutro”) e ficou em 98 pontos no mês passado (já no campo “pessimista”). A ACSP avalia que a queda da confiança tem relação com uma “percepção menos positiva da situação financeira das famílias, atrelada à deterioração das expectativas futuras em relação à renda e ao emprego”.

A inflação alta — mas nem tão alta assim, considerando o nosso histórico — tem ajudado nessa percepção ruim. Como um pedaço importante da alta de preço vem dos alimentos, o governo anunciou um pacote para tentar remediar isso. Basicamente, isentou do imposto de importação produtos como carnes, café e açúcar. Na avaliação de especialistas, medidas absolutamente inócuas. Parecem apenas mais um remendo de um governo preocupado com a perda veloz de popularidade em um momento complicado — com uma eleição que ainda parece distante, mas que já permeia todas as decisões.

Para conter a inflação, os juros voltaram a subir. Muito. Há pouco tempo, estavam em 2% ao ano, e agora rumam para os 15%. É um sinal muito claro de uma economia absolutamente desarrumada.

No frigir dos ovos, os números acabam contando uma parte pequena da história. Sem um projeto concreto de crescimento de longo prazo, estamos fadados a comemorar números positivos num dia para lamentar indicadores negativos no outro. É assim que vivemos há décadas. Parece uma sina da qual não conseguimos nos livrar.

O remédio para escapar disso parece cada vez mais distante, em uma sociedade a cada dia mais polarizada. Seria preciso um grande pacto nacional para o País todo conseguir caminhar no mesmo rumo. Executivo, Legislativo, Judiciário e toda a sociedade precisariam de um mínimo de alinhamento, deixando de lado seus interesses particulares, para conseguir chegar a um objetivo bom para todos.

Para conseguirmos um pacto semelhante, no Plano Real, foram necessários anos de hiperinflação. Qual será o tamanho da crise necessária agora para que todos acordem? As informações são do portal Estadão.

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