Montadoras de automóveis no Brasil querem dar uma basta no crescimento da importação de carros chineses

Primeiro executivo contratado do mercado para presidir a Anfavea, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos, Igor Calvet toma posse do cargo no mês de vem determinado a dar um basta no crescimento da importação de carros chineses. Logo de partida, quer uma resposta definitiva para saber se governo vai antecipar ou não a cobrança das alíquotas cheias (35%) do imposto de importação dos carros híbridos e elétricos, que vêm, em sua maioria, da China. O pleito foi levado há seis meses para a Camex.

”A partir do momento em que eu assumir de fato a Anfavea, será uma cobrança minha em relação ao governo, obviamente muito respeitosa, mas para que alguma decisão seja tomada. Ou sim, ou não”, disse o executivo, que será o segundo presidente mais novo da história da Anfavea, em entrevista.

Em tom de crítica, Calvet ressaltou que, embora tenham anunciado investimentos e comprado fábricas que estavam desativadas, as montadoras chinesas não iniciaram produção no País, sendo que uma, recentemente, adiou a inauguração.

Além do pedido de recomposição total imediata do imposto de importação sobre os automóveis eletrificados, a Anfavea, conta Calvet, deve concluir nas próximas semanas a análise de viabilidade de um pedido de investigação sobre a prática de dumping dos carros chineses no Brasil. Ele antecipa que, em dois meses, a entidade provavelmente vai concluir um estudo sobre a competitividade dos veículos brasileiros em mercados da América Latina, onde as montadoras também perdem espaços para os asiáticos.

Além da concorrência com os chineses, o cenário de insegurança econômica no Brasil preocupa o setor. Juros altos reduzem a venda de veículos leves, pesados e máquinas. “Se não tiver agenda de ajuste fiscal, e aí eu não sei precisar qual é a magnitude, mas o setor vai ser impactado, sobretudo no ano que vem, porque a expectativa de juros não vai ceder. Eu não acho que vai chegar ao fechamento de fábricas, mas terá diminuição da demanda”.

Confira abaixo alguns pontos da entrevista:

O senhor assume no dia 21 de abril, num momento de insegurança no cenário econômico, com inflação e juros altos. Até que ponto isso esmaga a indústria do automóvel?

O cenário econômico atual não tem impedido o crescimento, mas porque o crescimento do setor estava represado. Viemos de um período de baixa muito grande por causa da pandemia. Em 2013, tivemos um mercado de 3,8 milhões de veículos. No ano passado bateu 2,6 milhões. Estamos chegando nos níveis pré-pandemia agora. O setor cresceu, em 2024, em relação a 2023, 14,1% nos emplacamentos. A nossa produção cresceu quase 10%. Esse ano, a gente prevê ainda um crescimento do setor, mas provavelmente metade do que foi ano passado. Estamos prevendo entre 6% e 7% de aumento. Então você está dizendo que vai ser tudo muito bem? Não, não vai ser tudo bom. O setor vai continuar crescendo, mas porque vem de uma base ruim e represada.

E o impacto deste cenário econômico atual?
O cenário atual, no mínimo, impede um crescimento maior. Em que sentido? Uma taxa de juros de 15%, que é o que a gente esta esperando, talvez 14,5% ou 15% no final do ano, é ruim para todos os segmentos da Anfavea. Temos pesados (ônibus e caminhões), leves e máquinas agrícolas e rodoviárias. Para os três segmentos, que são mercados completamente distintos, juros é fundamental. É preciso a prestação caber no bolso. Nesse mercado de pessoa física, houve um incremento de 30% no crédito no ano passado. Mas o apetite do banco cresce enquanto a inadimplência não crescer. Ainda vemos um espaço nesse ano para um pequeno crescimento do crédito. Mas o crédito de todo ano passado e até o começo desse ano, em várias compras que estão sendo feitas, não captura os juros futuros mais altos que estamos falando. As informações são do portal Estadão.

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