Alguns ministros do Supremo se mostram incomodados com a postura de Alexandre de Moraes na condução do inquérito do golpe

Em conversas reservadas, alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se mostram incomodados com a postura do colega Alexandre de Moraes na condução do inquérito da tentativa de golpe de Estado. Avaliam que seu comportamento tensiona o caso mais do que o necessário, criando uma atmosfera de maior polêmica do que o que seria realmente necessário para a resolução do processo. Esses ministros, no entanto, não irão expor suas críticas publicamente, conscientes de que qualquer declaração pública sobre o colega poderia criar mais divisões no Supremo e no cenário político já delicado que se vive atualmente.

O Supremo Tribunal Federal demonstrou também que tem pressa para julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Mais de um advogado importante dos acusados já prevê que a sentença pode ser dada em agosto ou setembro deste ano, quando o caso já deverá estar mais maduro para o julgamento final. O andamento acelerado das investigações e da preparação para o julgamento reflete a urgência que o tribunal parece ter em esclarecer as responsabilidades dos envolvidos na tentativa de golpe, um evento que abalou o País e gerou um alto nível de tensão política.

No entanto, mesmo após a denúncia da Procuradoria-Geral da República sobre a tentativa de golpe, amplamente repercutida em todas as mídias possíveis, a maioria dos brasileiros (67%) se diz “pouco” ou “nada informada” sobre as investigações da Polícia Federal. O dado consta de uma pesquisa nacional feita pelo Ipsos-Ipec entre os dias 7 e 11 de março, com 2 mil pessoas em 131 municípios de todo o Brasil, com margem de erro de dois pontos percentuais. Curiosamente, esse número de desinformação permanece estável desde a pesquisa de dezembro, quando também se verificou o mesmo patamar de falta de conhecimento sobre o caso, considerando a margem de erro.

A pesquisa também constata que o Brasil permanece profundamente dividido sobre o envolvimento de Jair Bolsonaro no planejamento do golpe. De acordo com os dados, 42% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente participou ativamente do planejamento do golpe, enquanto 45% defendem a ideia de que ele está sendo “perseguido politicamente”. Este número reflete a divisão de opiniões na sociedade brasileira, que continua polarizada, especialmente em relação a figuras tão controversas quanto Bolsonaro. Em comparação com os resultados de dezembro, o cenário permanece praticamente inalterado, indicando uma persistente dúvida pública sobre as reais intenções do ex-presidente durante o período que antecedeu os ataques de 8 de janeiro. As informações são do jornalista Lauro Jardim em sua coluna em O Globo.

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