Amazon vai gravar na nuvem tudo o que os usuários da Alexa dizem

Ainda este mês, os donos do dispositivo Echo da Amazon não vão poder manter os comandos de voz trocados com a Alexa apenas no próprio aparelho. Devido a uma mudança no sistema de armazenamento da assistente pessoal que a Amazon está fazendo, todas as ‘conversas’ serão enviadas para a nuvem, ficando salvas em servidores da própria empresa.

As mudanças acontecem no momento em que a Amazon lança uma nova versão da assistente pessoal comanda por voz baseada em inteligência artificial generativa, chamada de Alexa+, que será paga e opcional, aumentando as preocupações com a privacidade dos usuários.

Nos últimos dias, a Amazon enviou a clientes que ativaram a opção “Não Enviar Gravações de Voz” um e-mail explicando as mudanças, que estão programadas para entrar em vigor no próximo dia 28 e valem para toda a linha Echo, incluindo os alto-falantes Echo Pop, Echo Dot e Echo Spot e o display Echo Show.

Ou seja, a partir desta data, as gravações de todos os comandos falados para a Alexa em alto-falantes Echo e displays inteligentes serão automaticamente enviadas para a Amazon e processadas na nuvem.

À medida que continuamos a expandir as capacidades da Alexa com recursos de IA generativa que dependem do poder de processamento da nuvem segura da Amazon, decidimos não oferecer mais suporte a esse recurso”, dizia o e-mail da empresa.

De acordo com o site Arstechnica, uma das funcionalidades mais divulgadas do Alexa+ é sua capacidade avançada de reconhecer quem está falando com ele, um recurso conhecido como Alexa Voice ID. Para acomodar essa funcionalidade, a Amazon está eliminando a opção voltada para a privacidade de todos os usuários do Echo, mesmo daqueles que não estão interessados na versão por assinatura da Alexa ou que desejam usar o Alexa+, mas sem a capacidade de reconhecer diferentes vozes.

Atualmente, é possível marcar a opção “Não salvar gravações” no item “Privacidade da Alexa” dentro das configurações do aparelho. Assim, o usuário impede que a Amazon tenha acesso aos seus comandos e pedidos para a plataforma. Além disso, é possível apagar o histórico de pesquisas e gravações. Segundo a empresa, o recurso será descontinuado por causa da “expansão das capacidades da Alexa”.

Preocupações com privacidade dos usuários

Tentando justificar a mudança e garantir a privacidade dos usuários, o e-mail da Amazon acrescenta:

“As solicitações de voz feitas à Alexa são sempre criptografadas durante a transmissão para a nuvem segura da Amazon, que foi projetada com várias camadas de proteção para manter as informações dos clientes seguras. Os clientes podem continuar escolhendo entre um conjunto robusto de controles acessando o painel de Privacidade da Alexa online ou navegando até Mais > Privacidade da Alexa no aplicativo Alexa.”

No passado, consumidores e reguladores já levantaram preocupações sobre a privacidade da Alexa. Em 2023, a Amazon concordou em pagar US$ 25 milhões em multas em um acordo com a Comissão Federal de Comércio (FTC) devido a questões de privacidade infantil, após a revelação de que armazenava para sempre as gravações das interações de crianças com a Alexa.

Em 2019, a Bloomberg revelou que funcionários da Amazon ouviam até 1.000 amostras de áudios das gravações de voz com a Alexa por turno de nove horas. A empresa afirmou que permitiu essa prática para treinar seus sistemas de reconhecimento de fala e compreensão de linguagem natural.

Outros motivos pelos quais as pessoas podem hesitar em confiar suas gravações de voz à Amazon, segundo o site Arstechnica, incluem o uso anterior de gravações da Alexa como prova em julgamentos criminais e o pagamento de um acordo em 2023 devido a acusações de que a empresa teria permitido que milhares de funcionários e contratados assistissem a gravações de vídeo de espaços privados dos clientes feitas por câmeras Ring, segundo a Comissão Federal de Comércio (FTC).

Em nota, a Amazon informou  que a nova regra de armazenamento não estará disponível para o Brasil. Mas a empresa seguirá trabalhando para proteger a privacidade dos clientes e manter os dados em segurança. Assim, além de um conjunto de ferramentas de controle, a opção de não salvar as gravações de voz continua em vigor. As informações são do portal O Globo.

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