Prefeitura de Porto Alegre discute estratégias para lidar com indivíduos acumuladores

Representantes de diferentes órgãos da prefeitura de Porto Alegre se reuniram nesta semana para discutir como estabelecer um fluxo de atendimento aos chamados “acumuladores”. O termo se refere à indivíduos com transtorno psicológico que os levam a guardar enormes quantidades de materiais sem serventia e até mesmo lixo ou resíduos em suas residências, prática que leva a uma série de riscos.

“Considerando-se a complexidade das situações, foram apresentados três casos de ações realizadas pelo Núcleo de Fiscalização Ambiental da Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS)”, ressalta a administração municipal em seu site prefeitura.poa.br.

A diretora adjunta da DVS destaca que as demandas para atendimento aos acumuladores merecem ações intersetoriais, com definição de papéis e trabalho em conjunto:

“Os casos chegam à Vigilância com pedido de eliminação de foco de roedores e vetores, mas esta atividade não resolve o problema em si”, destaca Aline Vieira Medeiros.

Funcionários de diferentes setores da Divisão apresentaram projeto para organização do fluxo de atendimento aos usuários, as derivações desta ação em conjunto e uma proposta de formulário para orientação no atendimento dos casos pelo 156. “A intenção é capacitar a rede intersetorial e trabalhar de forma articulada”, enfatiza a diretora.

Participaram da reunião representantes do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Gabinete da Causa Animal, Centro de Referência da Assistência Social Leste 1 e Secretaria Municipal de Saúde (DVS e Assessoria Jurídica). A próxima reunião do Grupo de Trabalho será realizada em fevereiro, em data a ser confirmada.

Entenda

Abordado por diversos programas (sobretudo em canais de TV por assinatura), o transtorno de acumulação abrange situações em que a pessoa mantém excesso de objetos, resíduos ou animais, associada à dificuldade de organização e manutenção de higiene e salubridade do ambiente. Esses casos podem estar relacionados a transtornos mentais ou outras causas.

Esse tipo de caso muitas vezes chega ao conhecimento das autoridades por meio de denúncias de familiares, parentes, amigos ou vizinhos. E tanto o problema quanto a sua solução apresentam nuances complexas, sobretudo devido à resistência do acumulador em aceitar ajuda ou mesmo concordar que precisa se desfazer do excesso de material.

Não é como o colecionismo, que envolve um mínimo de organização, limpeza e maior ou menor grau de direcionamento temático (discos e selos são exemplos clássicos). O acumulador tende a manter objetos de diferentes categorias e sem qualquer tipo de organização ou mesmo critério, pontua a especialista.

Em geral, o tratamento envolve terapia cognitivo-comportamental, que busca entender a forma como as pessoas interpretam e reagem ao que está ao seu redor. Até porque muitas vezes o transtorno está ligado a traumas que podem remontar à infância ou demais etapas da vida.

(Marcello Campos)

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