Operação cumpre 175 mandados no RS, SC e PR contra esquema chefiado de dentro de presídio que movimentou R$ 32 milhões, diz MP


Cerca de 700 agentes foram mobilizados para cumprir as ordens judiciais. No estado, são 152 mandados de busca e 18 prisões. Organização criminosa contaria, inclusive, com a participação de um policial penal do presídio de Pelotas. MP realiza operação contra esquema comandado de dentro de presídio no RS
Divulgação/Ministério Público
O Ministério Público (MPRS) realiza, na manhã desta sexta-feira (22), uma operação em 13 cidades nos três estados do Sul do Brasil. A ofensiva mira o esquema comandado por uma organização criminosa, a partir do interior do Presídio Regional de Pelotas, que viabilizava venda de drogas, ingresso com celulares no interior da cadeia, oferecimento de empréstimos a juros abusivos e lavagem de dinheiro.
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Conforme o MP, o grupo teria movimentado mais de R$ 32 milhões com o esquema. Cerca de 700 agentes e um helicóptero foram mobilizados no cumprimento de mais de 170 ordens judiciais.
No estado, são 152 mandados de busca e 18 prisões. Em Santa Catarina, são dois mandados de busca, e no Paraná, dois mandados de busca e uma prisão – a do homem apontado como chefe do grupo criminoso.
Os crimes investigados são os de organização criminosa, lavagem de capitais, tráfico de drogas, corrupção ativa e passiva.
“O lucro obtido com o tráfico era usado para capitalizar a agiotagem e também para lavagem de capitais, assim como o dinheiro da lavagem e da agiotagem era utilizado para fomentar a venda de drogas. Tudo era retroalimentado pela organização criminosa”, explica o promotor de Justiça Rogério Meirelles Caldas, que coordena as investigações.
O cumprimento das ordens judiciais nesta sexta está relacionado às operações Caixa Forte II e El Patron. Uma apura a venda de drogas e ingresso de materiais ilícitos para o interior do presídio de Pelotas – inclusive a com a participação de um policial penal. A outra investiga um “esquema de microcrédito” com juros de até 280%. (Saiba mais abaixo)
Operação Caixa Forte II
Na primeira etapa da Caixa Forte, foram apreendidos celulares, drogas, dinheiro e documentos. A partir da análise do material apreendido foi possível identificar a estrutura hierárquica do grupo, com núcleos que vão da gerência às finanças, envolvendo vários “laranjas”.
Segundo a apuração, em 10 meses do ano passado, a organização criminosa movimentou R$ 2,6 milhões, somente com o tráfico e ingresso de celulares no presídio. Um policial penal colaborava com o grupo. Ele é um dos presos nesta sexta-feira.
Após revista no Presídio Regional de Pelotas, oito presos apontado como chefes do esquema foram removidos. Também houve revistas, devido à participação de outros detentos, na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e Presídio Regional de Bagé.
Dinheiro apreendido durante operação do MP
Divulgação/Ministério Público
Operação El Patron
O MP explica que, devido à grande movimentação financeira, foi necessário criar uma segunda operação para apurar a agiotagem e a lavagem de dinheiro. A organização criminosa também se envolvia com jogos de azar e rifas.
De acordo com o promotor de Justiça Rogério Caldas, o grupo utiliza um aplicativo para realizar “operações de microcrédito”. Por meio de “laranjas”, eles realizavam empréstimos com anúncios nas redes sociais e agiam como se utilizassem empresas especializadas regulares.
A apuração comprovou que os juros sobre os valores eram de 50%, 60%, 80%,100%. Em alguns casos chegava a 280%. Os devedores eram ameaçados e sofriam outros tipos de sanções por parte dos integrantes da organização, explica Caldas.
Do total de R$ 32 milhões movimentados, a maior parte era oriunda de empréstimos, jogos de azar, rifas e lavagem de capitais. A Justiça autorizou a busca e apreensão de 28 veículos e de quatro imóveis em Pelotas.
Outra forma de lavagem de capitais era por meio da aquisição ou investimento em empresas. O MP mapeou 10 estabelecimentos: açougues, frigorífico, uma imobiliária no RS e mais duas imobiliárias em SC. A prática também foi identificada por meio de depósitos em 1,3 mil contas bancárias em nome de “laranjas”.
Segundo MP, açougues eram utilizados por grupo criminoso para lavar dinheiro
Divulgação/Ministério Público
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