Presidente francês acusa a esquerda e a extrema direita de conluio e reafirma que permanecerá no cargo até o fim do seu mandato

O presidente francês, Emmanuel Macron, reafirmou nessa quinta-feira (5) que permanecerá no cargo até o fim de seu mandato, em maio de 2027, em um discurso à nação realizado um dia após os parlamentares derrubarem o governo liderado pelo primeiro-ministro Michel Barnier.

Barnier havia sido escolhido por Macron após as eleições legislativas de julho, em que a coalizão de esquerda levou a maior parte dos assentos, seguido pela extrema direita — mas nenhum bloco político conquistou a maioria da casa, situação inédita desde o início da Quinta República, em vigor desde o fim da Segunda Guerra no país.

“O mandato que vocês me deram é de cinco anos e eu o exercerei até o fim”, disse Macron durante um discurso de 10 minutos, acrescentando que nomeará um novo primeiro-ministro nos “próximos dias”.

Barnier, nomeado há apenas três meses por Macron, foi alvo de uma moção de censura, mecanismo pelo qual deputados podem retirar um primeiro-ministro do cargo, na última quarta-feira (4). Em uma união inédita entre a esquerda e a extrema direita, ambas insatisfeitas com a indicação de Macron, a moção foi aprovada.

Pela manhã, Barnier havia ido ao palácio presidencial de Eliseu, em Paris, para entregar sua carta de renúncia ao presidente. Macron aceitou a renúncia mas pediu que ele permaneça no posto por enquanto.

Racha político

Michel Barnier, político pragmático e veterano, foi colocado no posto pelo presidente Emmanuel Macron — na França, o primeiro-ministro governa junto ao presidente, que pode tanto convocar eleições para eleger um premiê quanto indicar um nome fora do pleito.

Os franceses foram às urnas em junho e julho para as eleições parlamentares, disputadas em dois turnos. O bloco da esquerda venceu, barrando a favorita Reunião Nacional, da extrema direita, mas não alcançando a maioria necessária para formar governo.

Macron decidiu, então, escolher um primeiro-ministro de centro-direita, em decisão que gerou uma onda de protestos e conversas inéditas entre a esquerda e a extrema direita para derrubar a escolha do presidente.

Na quarta, eles votaram em conjunto para aprovar a moção de censura. Ao todo, 331 dos 574 deputados se posicionaram a favor da medida. A votação precisava do apoio de pelo menos 288 deputados para ser aprovada.Sozinhos, os grupos de oposição — extrema direita e o bloco de esquerda — somam quase 330 cadeiras.

Com a moção aprovada, Michel Barnier deixa automaticamente o poder.

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