Quem é a mulher presa por suspeita de envenenamento de bolo que matou três pessoas em Torres


Deise Moura dos Anjos é nora de Zeli dos Anjos, de 60 anos, uma das vítimas que está internada. Ela responderá por triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar bolo que matou três pessoas no RS
Divulgação
Foi presa neste domingo Deise Moura dos Anjos, nora da mulher que preparou o bolo que matou três pessoas em Torres, no litoral do Rio Grande do Sul, em dezembro. Ela é suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno e três tentativas de homicídio duplamente qualificado.
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Deise está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres. Segundo o TJ, ela deve passar por audiência de custódia na tarde desta segunda-feira (6). Em nota, a defesa de Deise diz que “não teve acesso integral a investigação em andamento, razão pela qual se manifestará em momento oportuno”.
Três pessoas morreram após consumir o bolo: as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva e a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos.
Entenda quem é quem no caso do bolo em Torres
Quem é a mulher presa
Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar bolo que matou três pessoas no RS
Reprodução/Redes sociais
Deise Moura dos Anjos é casada com o filho de Zeli dos Anjos há cerca de 20 anos, de acordo com familiares. Eles moram em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre. De acordo com pessoas próximas da família, Deise teria uma relação conturbada com a sogra desde o início da relação.
Em seu perfil profissional na internet, Deise afirma ser especializada em contabilidade, com experiência em escritório contábil, empresas do ramo imobiliário, logístico e hospitalar.
O delegado Marcus Vinícius Veloso, responsável pela investigação, afirmou em coletiva de imprensa nesta segunda de que são “robustas as provas que apontam que ela [Deise Moura dos Anjos] é a autora [dos crimes]”. No entanto, não divulgou detalhes das provas, inclusive o motivo para o crime, porque isso pode atrapalhar a investigação.
“Ela teve a intenção de cometer o crime. Foi um crime doloso”, afirma o delegado Veloso.
A Polícia Civil investiga, ainda, quem era o alvo de Deise ao envenenar o bolo, como ela obteve arsênio e em que momento ele foi colocado na farinha. Segundo informações apuradas pela RBS TV, ela fez pesquisas sobre arsênio na internet.
Relembre o caso
Bolo que teria causado envenenamento ou intoxicação
Divulgação/Polícia Civil
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não teria comido o bolo. Zeli, que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada.
Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada “choque pós-intoxicação alimentar”.
O que é arsênio, substância encontrada no sangue da família
Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, que conduz as investigações, Zeli foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. A maior concentração do veneno foi encontrada no sangue dela.
A investigação encaminhou os corpos das três vítimas para necropsia no Instituto-Geral de Perícias (IGP), órgão responsável por atestar a causa da morte. Resultados devem ser divulgados nesta semana.
Bolo de Natal no RS: três das pessoas que comeram, morreram: Neuza, Maida e Tatiana.
Reprodução/TV Globo
O que é arsênio
Conforme André Valle de Bairros, professor de Toxicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o arsênio é o elemento químico, enquanto arsênico é denominado para o composto trióxido de arsênio.
“O arsênico trata-se da forma mais tóxica. A partir de 100 mg é possível a morte de um indivíduo adulto. Geralmente, o arsênico está na forma de pó e não tem cheiro ou gosto. Apesar de ter sido usado como raticida, esta droga pode ser empregada para fins de tratamento oncológico em pacientes com leucemia promielocítica aguda e é comercializada como Trisenox”, explica o especialista.
Bairros assinala que arsênico é proibido de ser comercializado no Brasil como raticida e o uso como agente quimioterápico é restrito.
“O arsênio é um elemento de alta toxicidade conhecida pela humanidade e sempre houve um certo temor. Há locais no globo terrestre ricos em arsênio, e isso contamina fontes de água. Mas é algo que precisa ser muito investigado. Há literatura científica, e de fato, há essa contaminação em leite, carne e frutas, porém, o fato de estar expostos a concentrações maiores de arsênio não significa necessariamente uma intoxicação”, acrescenta.
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