Exposição de Graça Craidi em Porto Alegre denuncia feminicídios

A artista visual Graça Craidi selecionou 30 obras de suas várias coleções sobre violência contra a mulher para a exposição Meu bem, meu mal, que inicia nesta terça-feira (11), às 17h, no Memorial do Ministério Público, em Porto Alegre. A visitação vai até 11 de março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8). 

No dia 10 de março, uma segunda-feira, Graça e as promotoras de Justiça Angela Caren Dal Pos e Ivana Machado Moraes Battaglin debaterão o tema em evento organizado pelo coordenador técnico do Memorial do Ministério Público, o historiador Gunter Axt.

A primeira exposição da artista sobre a violência contra a mulher aconteceu em 2015, quando suas obras da série Até que a morte nos separe foram selecionadas para o Salão de Artes do Atelier Livre Xico Stockinger, onde estudava desenho e pintura, na capital gaúcha. Na época, também expôs, no Dia Internacional da Mulher, no Centro Cultural Zona Sul.

Após, Graça expôs a mesma série sobre feminicídio em instituições interessadas em aprofundar o debate do tema, como Memorial do Palácio da Justiça, Memorial da Justiça Federal, Memorial do TRF-4, Assembleia Legislativa, Pinacoteca da Associação dos Juízes (Ajuris), Memorial do TCE, e também em universidades, como a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Campo Mourão. 

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi convidada especial e, com três obras suas, integrou exposição feminista de uma turma de formandos de Museologia.

Abusos do machismo

Ao Brasil de Fato RS, a artista disse que “ser órfão do feminicídio é uma nova triste categoria no rol de crianças brasileiras”. Ela defende que é preciso “mudar a cultura do machismo, do senhor proprietario, da mulher propriedade”, o que só vai acontecer se mudar a educação.

As obras montadas no centenário casarão que abriga o Memorial do MP, no Centro Histórico da Capital, pertencem às séries Até que a morte nos separe, pinturas a partir de fotos das cenas dos crimes publicadas em jornais; Livrai-nos do Mal, que aponta as violências referidas na Lei Maria da Penha; Feminicidas, o machismo que mata, na qual homens são representados com revólveres no lugar do pênis; e Estupro, que retrata abuso cometido por homens contra uma mulher.

A artista, inconformada com a situação, explicou que o nome da atual exposição, Meu bem, meu mal, é uma referência ao contexto onde geralmente acontecem os crimes: dentro do lar, diante dos filhos, na maioria das vezes, praticado pelo marido, companheiro, namorado ou ex que não aceita a separação.

Um livro também fará a denúncia


Obras ‘Noiva cadáver’ e ‘Mulher negra agredida pelo companheiro’, de Graça Craidy / Foto: Divulgação

Além da exposição, a década de atividade da artista no combate à violência contra a mulher será marcada pelo livro de fotos das obras de Meu bem, meu mal. Editado no formato pocket, tem 28 páginas e um texto de apresentação escrito por Graça. Ela se diz “estarrecida, injuriada, furiosa”, com a “tragédia do feminicídio”, mas acredita que a arte pode sensibilizar pessoas com poder de interferir para a reversão do quadro. “Eu sei, a arte não pode impor igualdade, barrar o gesto nem conter o tiro. Mas quem é tocado pela arte pode.”

Graça Craidy, de 73 anos, já fez dezenas de exposições individuais e participou de diversas coletivas. Ela já expôs em estados como São Paulo, Rio, Brasília; no exterior, já apresentou uma mostra individual na Itália, onde também fez cursos, em Roma e em Florença, assim como também estudou em Miami (EUA).


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