Curso de boas práticas em alimentação qualifica o trabalho de voluntários em Porto Alegre

A partir da experiência nas melhores maneiras de lidar com alimentos frescos, a Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs) certificou voluntários do projeto “Cozinha Solidária” que atuam em Porto Alegre na elaboração de marmitas nos bairros Azenha, Lami, Mário Quintana e Sarandi. O principal objetivo é zelar pela segurança alimentar na produção em larga escala.

Técnicas aprendidas na capacitação já estão sendo aplicadas nas quatro unidades da iniciativa, organizadas na capital gaúcha pelo Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto (MTST). Diariamente, o projeto produz e distribui 3,4 mil marmitas a indivíduos em situação de rua e moradores de comunidades periféricas.

Intitulada “Boas Práticas em Manipulação de Alimentos”, a capacitação foi ministrada a 17 participantes ao longo de julho. No encontro mais recente, a turma produziu um cardápio completo com base nos conteúdos e recebeu certificados, estando agora capacitada a compartilhar os conhecimentos com os demais envolvidos na montagem das refeições.

“Cozinhar em grande escala exige atenção redobrada para riscos de contaminação”, afirma a professora de Nutrição e coordenadora das atividades na Faculdade, Rochele Boneti. “O curso contribuiu para melhorar esse trabalho, com cuidados essenciais como armazenamento adequado, controle de tempo e temperatura, além de dicas de higiene no ambiente e no trato com os ingredientes.”

Calamidade

Durante o auge das enchentes de maio, a Cozinha Solidária Emergencial da Azenha chegou a distribuir quase 4 mil marmitas por dia. O alimento chegava a pessoas em situação de rua, equipes de voluntários de resgate, comunidades afetadas e abrigos de acolhimento a vítimas, em Porto Alegre e cidades vizinhas.

“A calamidade pública de maio fez com que aumentássemos em dez vezes a produção, até então de 400 unidades diárias”, contextualiza a nutricionista Gabriela Pirillo Teixeira, apoiadora do programa do MTST. “Hoje, essa produção é 1,6 mil, o que torna ainda mais importante a parceria com a Fadergs. Queremos que essa seja a primeira  de muitas capacitações, para que possamos chegar a mais cozinhas solidárias e melhorar a qualidade das milhares de refeições servidas.”

Com o aumento expressivo da demanda por refeições, intensificada pela tragédia ambiental já ocorrida no Rio Grande do Sul, o movimento recebeu apoiadores de outros Estados para reforçar as equipes. É o caso da cozinheira Eliane de Araújo Santos, que veio de Minas Gerais e participa do curso de Boas Práticas em Manipulação de Alimentos:

“Nessa vontade de ajudar o próximo por meio da comida, a gente tem que buscar aprender cada vez mais, para entregar um alimento que tenha sabor e carinho no preparo, mas também atenção à segurança alimentar. A experiência da capacitação tem sido maravilhosa porque já estamos colocando em prática todos os dias”.

O conteúdo apresentado ao Cozinha Solidária foi dividido em quatro módulos: capacitação em boas práticas em serviços de alimentação e nutrição, capacitação em pré-preparo e preparo de alimentos e ambientação, capacitação em aproveitamento integral dos alimentos e ações sustentáveis e, por fim, capacitação em elaboração de cardápios e montagem de marmitas.

As aulas foram ministradas por alunos de estágio social e de projetos de extensão, sob a coordenação dos professores. Estagiária e formanda do curso de Nutrição, Bruna Saraiva contribuiu para dimensionar a relevância da uniciativa:

“Esta é uma oportunidade de troca muito importante, a capacitação possibilita que os voluntários repliquem no contexto deles os protocolos de segurança alimentar, na produção de marmitas que vão chegar a quem mais precisa”.

(Marcello Campos)

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