Incêndio em pousada em Porto Alegre: veja o que se sabe e o que falta saber sobre o caso


Tragédia deixou 10 pessoas mortas e 15 feridas na sexta-feira (26). Polícia apura o que provocou as chamas. Pousada tinha contrato com prefeitura para abrigar pessoas em vulnerabilidade social. Incêndo mata 10 pessoas em pousada que tinha convênio com a prefeitura de Porto Alegre
Um incêndio atingiu uma pousada e deixou 10 pessoas mortas, na região central de Porto Alegre, na madrugada de sexta-feira (26). O local abrigava pessoas em situação de vulnerabilidade social.
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Em nota divulgada no sábado (27), os responsáveis pela Pousada Garoa afirmam que estão “colaborando plenamente com as autoridades competentes para esclarecer os detalhes deste acontecimento”.
“A segurança de nossos hóspedes e colaboradores são nossa prioridade. Nosso total empenho em fornecer todo o apoio necessário perante as pessoas. Além disso, continuamos nosso trabalho de assistência à população de rua, reforçando nosso compromisso social”, diz o comunicado.
Nesta reportagem, o g1 mostra o que se sabe e o que falta saber sobre o caso:
Quem são as vítimas
Quantos ficaram feridos
Onde foi o incêndio
O que provocou o incêndio
Qual a situação da pousada
O que a polícia investiga
O que dizem as autoridades
Incêndio que atingiu pousada em Porto Alegre
Reprodução/TV Globo
1. Quem são as vítimas
Das 10 pessoas que morreram, seis já foram identificadas. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) não divulga os nomes das vítimas por causa da Lei Geral de Proteção de Dados.
No entanto, a RBS TV apurou que cinco das seis vítimas são:
Silvério Roni Matim
Dionathan Cardoso da Rosa
Maribel Teresinha Padilha
Julcemar Carvalho Amador
Anderson Gaúna Corrêa
Incêndio em pousada de Porto Alegre
Reprodução/RBS TV
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2. Quantos ficaram feridos
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), 15 pessoas ficaram feridas. Seis permanecem hospitalizadas.
As demais pessoas feridas foram liberadas após atendimento no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) e no Hospital Cristo Redentor.
Sobreviventes relataram como conseguiram escapar das chamas. O vendedor ambulante Jorge Antônio Ferreira contou que acordou com “estouros, assim que iniciou o fogo”. Ele conseguiu resgatar a esposa do prédio.
“Não queriam deixar eu entrar, porque o fogo já tinha tomado conta, mas eu entrei. Não vou deixar minha esposa morrer. Entrei igual e, graças a Deus, consegui pegar ela”, fala o homem.
Morador resgatou a mulher de pousada atingida por incêndio em Porto Alegre
Reprodução/RBS TV
Marcelo Wagner, de 56 anos, residia com a irmã na pousada. Ele acredita que ela não conseguiu sair do local com vida.
“Acho que minha irmã não conseguiu sair. Ela morava lá em cima. Foi muito rápido, gritaram ‘fogo!’ e o fogo estava dois quartos do lado do meu”, afirma.
‘Acho que a minha irmã não conseguiu sair’, diz sobrevivente de incêndio
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3. Onde foi o incêndio
O incêndio ocorreu em uma das unidades da Pousada Garoa, na Avenida Farrapos, na região central de Porto Alegre. O prédio fica entre as ruas Barros Cassal e Garibaldi, a poucos metros da Estação Rodoviária.
O incêndio começou por volta das 2h30. O fogo se espalhou rapidamente pelos quartos da pousada. Para fugir das chamas, algumas pessoas se jogaram das janelas do segundo e do terceiro andar. Os bombeiros encontraram as 10 vítimas em cômodos da pensão.
Incêndio em pousada em Porto Alegre
g1
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4. O que provocou o incêndio
A Polícia Civil aguarda a conclusão da perícia para determinar as causas do incêndio, que ainda são desconhecidas. No entanto, a investigação afirma que não há indícios de ação criminosa.
“A pericia é que vai nos dar a causa do incêndio, mas não temos indicativos que alguém tenha ateado fogo no prédio até esse momento”, diz o delegado Cleber Lima.
Bombeiros tentam conter chamas de incêndio em pousada em Porto Alegre
Reprodução/RBS TV
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5. Qual a situação da pousada
O local, que é privado, recebia pessoas em situação de vulnerabilidade social. Das 30 pessoas que estavam no espaço no momento do incêndio, 16 tinham a estadia custeada pelos cofres públicos. A empresa teve contrato renovado com a Prefeitura de Porto Alegre em dezembro de 2023 por mais 12 meses, ao custo de R$ 2,7 milhões.
Segundo os bombeiros, a pousada operava irregularmente, porque não tinha Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) protocolado.
A Prefeitura de Porto Alegre afirma que a documentação da empresa dona da pousada junto ao município estava em dia e que havia autorização para a operação como hospedagem.
“Quanto ao PPCI, compete à empresa que presta o serviço providenciar e compete aos bombeiros a deliberação sobre esse tema”, diz o prefeito Sebastião Melo (MDB).
O proprietário da empresa dona da pousada, André Luis Kologeski da Silva, diz que o incêndio foi criminoso e que o imóvel é regularizado.
“Dois pontos importantes: foi incêndio criminoso, colocaram fogo. Temos a documentação exigida. Toda regularizada. Estaremos providenciando envio à prefeitura”, afirmou.
Em novembro de 2022, outra pousada da Garoa sofreu um incêndio em Porto Alegre. Uma pessoa morreu e 11 ficaram feridas.
Local onde ocorreu o incêndio que matou 10 pessoas no centro de Porto Alegre (RS)
Miguel Noronha/Enquadrar/Estadão Conteúdo
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6. O que a polícia investiga
A Polícia Civil busca ouvir as pessoas que estavam no local na hora do incêndio, os responsáveis pelo prédio e quem fiscalizou o imóvel.
Fachada da pousada que foi atingida por incêndio em Porto Alegre
Pâmela Rubin Matge/RBS TV
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7. O que dizem as autoridades
A Prefeitura de Porto Alegre determinou a abertura de uma investigação sobre o contrato com a Pousada Garoa, que tem outros 22 espaços funcionando na Capital, atendendo 320 pessoas. O prefeito Sebastião Melo (MDB) anunciou uma força-tarefa para visitar essas pousadas.
Prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB)
Reprodução/RBS TV
O Ministério Público instaurou um inquérito civil para acompanhar e verificar as medidas adotadas pela Prefeitura de Porto Alegre em razão do incêndio. O MP também vai tratar do encaminhamento das pessoas que utilizam o serviço de hospedagem decorrente do contrato firmado entre a prefeitura e a Pousada Garoa para que não fiquem desprovidas do serviço e também não fiquem vulneráveis à ocorrência de novos fatos.
A Defensoria Pública vistoriou alguns dos locais e afirmou que as condições dos imóveis não eram adequadas para acolher pessoas em situação de vulnerabilidade. O órgão prevê a adoção de medidas judiciais, depois de apuradas quais as responsabilidades do proprietário da pousada e da prefeitura no incêndio. O objetivo é garantir reparação para os sobreviventes e familiares das pessoas que morreram.
Autoridades políticas se solidarizaram com familiares das vítimas do incêndio. Em publicações nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador do RS, Eduardo Leite (PSDB), manifestaram pesar pelo ocorrido.
Manifestação do presidente Lula sobre incêndio em pousada no RS
Reprodução/X
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