O maior sinistro da história do Brasil: como seguradoras estão lidando com estrago recorde de inundações no RS

Especialistas no setor de seguros foram unânimes em afirmar que as inundações no Rio Grande do Sul serão o maior incidente com sinistros da história do País. O sinistro é quando uma pessoa ou empresa que paga por um seguro de um bem precisa receber dinheiro da seguradora, porque houve algum incidente que danificou esse bem, ou houve perda total.

Na história do Brasil, já houve circunstâncias com números de mortos maiores do que os registrados até agora. Enchentes em Teresópolis (RJ) em 2011, por exemplo, mataram quase mil pessoas. Até o momento, as chuvas no Rio Grande do Sul registraram 136 vítimas fatais.

Eventos como o de Teresópolis duraram poucos dias e foram mais localizados — assim como a maioria de fenômenos registrados no Brasil. Já no Rio Grande do Sul as chuvas vêm castigando o Estado há mais de duas semanas — e com previsão de novos temporais para os próximos dias.

Nem mesmo o acidente da mineradora Vale em Mariana em 2015 — que provocou mortes, destruiu cidades, poluiu o rio Doce por quilômetros, afetando a vida de milhares de pessoas — teve a mesma magnitude dos danos materiais de agora.

A duração e extensão dos danos são inéditas no país. Nenhum dos entrevistados do setor de seguros conseguiu estimar ainda em valores qual será o tamanho do sinistro envolvido porque as enchentes ainda estão em andamento, apesar de todos concordarem de que será recorde.

Há dois problemas que impedem as seguradoras de estimarem os prejuízos dos clientes gaúchos.

O primeiro deles é que não foi possível ainda sequer levantar os estragos já ocorridos — porque em muitas localidades a água ainda não baixou. Os donos de veículos e residências ainda não conseguiram voltar para suas casas para verificar os prejuízos que tiveram e acionar suas seguradoras.

As empresas de seguro disseram que por isso até agora o volume de sinistros registrados ainda foi relativamente baixo — mas deve crescer muito nas próximas semanas, na medida em que as pessoas afetadas conseguirem voltar para seus lares.

Chuva persistente

O segundo problema é que as chuvas ainda não acabaram. Por ora, enquanto a crise das chuvas está em andamento, as seguradoras estão reforçando suas equipes para atender clientes no RS neste mês. Algumas empresas maiores possuem frotas de veículos e jet-skis usados em tempos normais para averiguação de prejuízos. Esses equipamentos estão sendo emprestados para a Defesa Civil para ajuda nos resgates em andamento.

Uma pergunta que muitos clientes se fazem nesse momento é se as seguradoras brasileiras terão capacidade de pagar todos os seguros que serão pedidos ao mesmo tempo, na medida que os afetados voltarem para as suas casas.

Segundo Roberto Santos, presidente do Conselho Diretor da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) — que representa todo o setor no Brasil. Ele diz que as seguradoras brasileiras estão bem posicionadas para lidar com os sinistros.

“O Brasil é muito grande. Você tem um Estado afetado por um evento muito grande, mas você tem o resto do Brasil funcionando muito bem. O setor teria dificuldades só se houvesse um evento desse tamanho em todo o Brasil ao mesmo tempo”, disse Santos.

Diante das enchentes, a confederação fez duas recomendações especiais a todas seguradoras que trabalham com clientes no RS.

Primeiro, houve um pedido para que todos os contratos que estavam para vencer agora no mês de maio fossem automaticamente estendidos por alguns dias. O objetivo é que nenhum cliente ficasse sem seguro neste momento por apenas uma questão de poucos dias.

O segundo pedido foi para que pessoas e empresas que tiverem atrasado pagamentos no mês de maio não fiquem sem cobertura de seguros agora. Normalmente as seguradoras não precisam pagar sinistros quando o cliente não está em dia.

Segundo a CNseg, a maioria das seguradoras está atendendo aos dois pedidos.

Especialistas dizem que pessoas que tiveram perda total com veículos nas enchentes não devem ter problemas para recuperar seus prejuízos.

Mas para donos de imóveis o problema não será tão simples: a grande maioria dos seguros residenciais e empresariais cobrem incidentes como incêndios — mas poucas apólices cobrem enchentes. Geralmente as apólices para enchentes são mais caras — e como esses eventos são mais raros, poucos clientes optam por elas. As informações são da BBC News.

 

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