Mãe e filhas que tiveram casa inundada no RS distribuem 700 marmitas por dia em biblioteca


Mãe morava no bairro Sarandi, na Zona Norte de Capital, e teve casa inundada até o telhado. Registros da distribuição de donativos
Arquivo Pessoal
Mesmo com a dor de perder memórias, objetos e documentos durante a enchente que já causou a morte de mais de 130 pessoas no Rio Grande do Sul, Hallana Vitoria, a irmã Hayline da Rosa Vitoria e a mãe, Maria Heloísa da Rosa, seguem ajudando quem mais precisa. Na Biblioteca Comunitária Aninha Peixoto, em Porto Alegre, elas distribuem mais de 700 marmitas por dia.
📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp
As três moram no bairro Sarandi, na Zona Norte da capital. Partes da região ficaram alagadas após o dique do Arroio Feijó transbordar na madrugada de sábado (4), segundo a prefeitura. Os moradores só foram avisados na tarde de domingo (5).
Hayline da Rosa Vitoria não mora com a mãe, mas contou ao g1 que foi se abrigar na casa dela, porque sua própria casa estava alagada.
‘”As notícias da enchente foram se agravando rapidamente e a situação foi ficando cada vez mais intensa, cada vez mais drástica e assustadora. Então, para a gente tentar, para a gente se prevenir, a gente optou por sair o quanto antes da nossa casa, mas acreditando que a água, sei lá, chegaria até o joelho no máximo”, relata
Voluntários fazem distribuição de água e marmitas para desabrigados
Arquivo Pessoal
Não foi o que aconteceu. Álbuns de fotos, livros e diários ficaram embaixo da água.
Com a casa inundada, as duas filhas e a mãe se refugiaram na Biblioteca Comunitária Aninha Peixoto, onde Maria Heloísa é voluntária por meio de uma rede de bibliotecas comunitárias.
“Como é um refúgio que eu já estou há 8 anos, e eu conheço a comunidade, olhei para as minhas filhas e falei: ‘vamos para esse espaço’. No dia seguinte, a coordenadora olhou pra mim e disse: ‘vamos fazer desse espaço aqui um ponto de doação’. A gente começou a desencadear muitas doações vindo para cá e a gente começou, então, a entender que esse espaço poderia ser muito mais do que um acolhimento para nós, mas também um acolhimento para a comunidade”, diz Maria Heloísa.
Água deixa residências submersas no bairro Sarandi
Reprodução/RBS TV
Além das refeições, elas dizem que têm visitado abrigos na região para entender as necessidades de pessoas com dificuldades de locomoção, de gestantes e de mães com crianças de colo.
Para a mãe, o voluntariado também serve para esquecer.
“Meu olho está inchado, porque tudo me toca, meu emocional está a flor da pele, então eu olhei para as minhas filhas e falei assim: eu vou me envolver, fazendo doações de roupas, de alimento, enfim, ajudar a comunidade para não lembrar, para amenizar a minha dor.”
Maria Heloísa da Rosa, ao centro, com as filhas
Arquivo Pessoal

Adicionar aos favoritos o Link permanente.