Lula diz na ONU que países não podem se intimidar e têm direito de julgar plataformas digitais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nessa terça-feira (24), em discurso na Assembleia Geral da ONU, que o Estado não pode se intimidar frente a indivíduos ou plataformas digitais, e que tem o direito de julgar e fazer cumprir as regras de seu território. Ele não citou nomes, mas se trata de uma referência à suspensão do X (antigo Twitter) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“O futuro de nossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação. Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei. A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras. Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital”, disse o presidente da República.

Lula deu a declaração em um trecho do discurso dedicado a pregar contra extremismos e “interesses reacionários”. Nesse caso, a referência interna é ao grupo político de Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente e principal adversário do petista. Bolsonaristas criticam a decisão de derrubar o X no Brasil e costumam fazer elogios ao bilionário Elon Musk, dono da plataforma.

“Brasileiras e brasileiros continuarão a derrotar os que tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários. A democracia precisa responder às legítimas aspirações dos que não aceitam mais a fome, a desigualdade, o desemprego e a violência. No mundo globalizado não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas. Tampouco há esperança no recurso a experiências ultraliberais que apenas agravam as dificuldades de um continente depauperado”, declarou o petista.

Saiba mais

Todos os anos, líderes de todo o mundo se reúnem na sede da ONU, em Nova York, para a Assembleia Geral da organização. Esta foi a oitava vez que Lula abriu o evento.

Ao longo de seus dois mandatos anteriores, ele participou do encontro todos os anos entre 2003 e 2009. Em 2010, foi representado pelo então ministro das Relações Exteriores e atual assessor especial da Presidência, Celso Amorim.

Tradicionalmente, é um líder brasileiro quem abre o evento com um discurso, falando antes mesmo do anfitrião, seu homólogo americano. Essa tradição se iniciou em 1949, quatro anos após a criação da ONU, quando nenhum país queria ser o primeiro a falar. O Brasil então se voluntariou e repetiu o feito nos dois anos seguintes.

A partir de 1955, a ONU oficializou o Brasil como o país que abriria o evento. Essa é a principal hipótese levantada para que essa tradição siga assim até hoje. A ordem definida é: primeiro fala o secretário-geral da ONU, seguido pelo presidente da Assembleia Geral, o presidente brasileiro e, na sequência, o presidente dos Estados Unidos.

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