Imagens de satélite mostram evolução dos sete dias de chuvas que colocaram o Rio Grande do Sul em calamidade


Meteorologistas explicam que catástrofe é resultado da atuação de pelo menos três fenômenos na região, agravados pelas mudanças no clima.
Uma sequência de imagens de satélite mostra como, ao longo dos últimos sete dias, nuvens de chuva cobriram o céu do Rio Grande do Sul, culminando em uma tragédia climática qu deixou 24 mortos e dezenas de pessoas desaparecidas em meio às cheias.
Nas imagens acima, é possível ver que as chuvas que afetam o estado há uma semana se intensificaram justamente a partir do dia 29 e 30 de abril, quando os modelos meteorológicos já indicavam uma quantidade de chuva fora da curva.
“Desde o dia 26 de abril o Rio Grande do Sul vem sofrendo com chuvas intensas causadas por diversos sistemas meteorológicos. (…) Além disso, a partir de 1º de maio toda essa instabilidade recebeu reforço de uma frente fria”, comenta Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo.
Causas da tragédia e por que a situação deve piorar
➡️ Os meteorologistas explicam que a catástrofe é resultado de pelo menos três fenômenos que afetam a região e foram agravados pelas mudanças no clima. E a tendência é de piora por conta da previsão de mais chuva.
A condição começou em 26 de abril, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ligado ao governo federal, emitiu um alerta de tempestades para o estado. Naquele dia, a previsão ainda era de chuvas em algumas regiões do estado. Mas o cenário foi se agravando ao longo dos dias. (Veja a imagem acima)
Segundo os especialistas, a calamidade é efeito da soma de alguns fatores:
💨 Havia um cavado, que é uma corrente intensa de vento, agindo sobre a região, o que fazia com que o tempo ficasse instável;
💧 Isso se somou a um corredor de umidade vindo da Amazônia, que aumentou a força da chuva;
🚫 O cenário foi agravado por um bloqueio atmosférico, reflexo da onda de calor, que fez com que o centro do país ficasse seco e quente, deixando a chuva concentrada nos extremos.
O cenário era instável na região há alguns dias, mas a soma desses fatores fez intensificar a chuva. O que acontece é que tivemos várias frentes frias que não conseguiram se dissipar para outras regiões por causa do bloqueio atmosférico e, com isso, elas passaram a agir sobre todo o Rio Grande do Sul.
➡️ E você pode se perguntar: o que as mudanças climáticas têm a ver com isso? O calor da Terra e dos oceanos impacta a atmosfera e faz com que os eventos climáticos aconteçam com mais força.
O que o meteorologista explica é que o Sul do país tem condições que favorecem tempestades nessa época do ano, mas o que seria um evento isolado se transforma em uma catástrofe.
“O oceano mais quente, como estamos vendo agora, faz com que seja gerada mais energia para a formação das chuvas. Com isso, elas chegam nesses níveis, que nunca vimos antes. A mudança no padrão do clima interfere na atmosfera e muda o ciclo dos fenômenos que aconteciam, deixando-os mais intensos”, afirma Luengo.
Causas das chuvas extremas no RS
Ighor Jesus/Arte g1
Cenário de piora
O coordenador da equipe de monitoramento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, explica que a soma dessas condições criou o cenário para o que os especialistas projetam ser o maior volume de chuva já registrado na história do estado.
🚨🚨🚨 A previsão é de que a condição se mantenha até o sábado (4) com acumulados que podem chegar até 400 milímetros, que devem se somar aos mais de 300 milímetros de chuva registrados nos últimos 4 dias.
Nós estamos vendo um acumulado já enorme e que vai se somar porque a chuva não vai parar até o fim de semana. É o maior acumulado com essa dimensão, que cobre um estado inteiro. Os impactos são grandes e a tendência é piorar.
O Cemaden, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, é o órgão faz a previsão de desastres e atua dando informações à Defesa Civil e ao governo para que sejam adotadas medidas para minimizar os impactos. Segundo o órgão, o alerta agora segue sendo sobre o volume de chuvas, mas também sobre a possibilidade de deslizamento.
🚨 Segundo a Defesa Civil havia confirmado no início desta tarde, 24 pessoas morreram, 21 seguem desaparecidas e mais de 8 mil pessoas estão fora de suas casas por causa dos temporais.
Cheia do Rio Taquari no Rio Grande do Sul
Diego Vara/Reuters
Microexplosão atmosférica
Para além da chuva intensa, que inunda e encharca o solo, trazendo risco de deslizamentos, a região ainda pode passar por uma microexplosão atmosférica – que acontece em cenários de fortes tempestades. (Veja a ilustração abaixo.)
Ela é uma forte corrente de ar que se forma quando uma intensa corrente de vento se desprende da nuvem de tempestade em direção ao solo. O forte impacto causa ventos que podem passar de 100 km/h.
Essa é outra preocupação porque a condição está propensa. Ela acontece em meio a tempestades intensas e é como se o ar que se desprende da nuvem fosse uma bola, que é arremessada em direção ao solo. Sem ter para onde ir, ela se dissipa com o impacto e forma rajadas de ventos intensas.
Microexplosão é quando uma intensa corrente de vento se desprende da nuvem.
TV Globo/Reprodução
Mapa mostra cidades do RS que registraram mortes pelo temporal
Arte/g1
Veja as imagens da destruição da chuva nos últimos dias no Rio Grande do Sul

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