Fóssil de precursor dos dinossauros com 237 milhões de anos é descoberto no RS; veja imagens


Registros fossilizados da espécie, chamada Gondwanax paraisensis, foram descobertos em Paraíso do Sul, na Região Central. Estima-se que o réptil teria atingido cerca de 1 metro de comprimento e pesado entre 3 e 6 kg. Gondwanax paraisensis tinha cerca de 1 metro de comprimento e pesava entre 3 e 6 kg
Matheus Fernandes Gadelha
🦖🦕 O fóssil de um precursor dos dinossauros, que viveu há 237 milhões de anos, foi descoberto por um médico em uma área rural de Paraíso do Sul, na Região Central do estado. De acordo com o coordenador do Centro de Apoio a Pesquisas Paleontológicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rodrigo Temp Müller, o Gondwanax paraisensis é um novo silessaurídeo, um grupo extinto de répteis que fazem parte de um grupo maior, chamado de dinossauromorfos.
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“Alguns pesquisadores acreditam que esses animais podem ter sido precursores muito próximos dos dinossauros, enquanto outros sugerem que, em vez de precursores, eles eram dinossauros verdadeiros. Esse conflito de hipóteses ocorre justamente porque os silessaurídeos apresentam características típicas de dinossauros, mas também possuem algumas que ainda parecem bastante primitivas”, explica o paleontólogo.
Com base nas dimensões dos elementos preservados, estima-se que o réptil teria atingido cerca de 1 metro de comprimento e pesado entre 3 e 6 quilos. Além disso, possivelmente sustentava-se em quatro patas e andava em terra.
Segundo os pesquisadores, a estrutura do quadril e das patas indicam uma capacidade de locomoção avançada em relação a outros répteis que viveram com ele. “As vértebras de constituição grácil reforçam que ele foi um animal ágil e leve”, define.
A descoberta foi disponibilizada em uma publicação internacional no fim de setembro.
Fóssil de precursor dos dinossauros com 237 milhões de anos é descoberto no RS
A descoberta
🦕 Os restos fósseis do Gondwanax paraisensis foram descobertos pelo médico e entusiasta pela paleontologia Pedro Lucas Porcela Aurélio em uma localidade chamada Linha Várzea 2, em Paraíso do Sul. Os materiais foram doados ao Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da UFSM.
“Enquanto organizava os materiais doados pelo Sr. Aurélio, um fêmur chamou minha atenção. Ao vasculhar os itens associados a ele, percebi que havia vários elementos típicos de silessaurídeos. Foi incrível!”, relembra Müller.
O paleontólogo afirma que o fóssil estava revestido por uma espessa camada de rocha, impedindo que pudesse ser visto por inteiro antes da preparação, realizada na UFSM. A Linha Várzea 2 também já revelou fósseis cinodontes (precursor dos mamíferos), dicinodontes (parentes mais distantes dos mamíferos) e o Parvosuchus aurelioi, (pequeno parente distante dos jacarés e crocodilos).
“As descobertas da última década nos permitiram reconstruir completamente o esqueleto dos primeiros dinossauros. Agora, enfrentamos um desafio ainda maior: entender a anatomia das formas que existiram antes desses dinossauros. Felizmente, novos achados, como o Gondwanax paraisensis, têm nos ajudado a resolver essa questão”, diz o pesquisador.
Médico Pedro Lucas Porcela Aurélio segura fóssil em Paraíso do Sul
Rodrigo Temp Müller/Arquivo Pessoal
Terra dos dinossauros
🌏 O RS é reconhecido pelo livro dos recordes Guinness como a terra dos dinossauros mais antigos do mundo desde 2021. A região conhecida como Quarta Colônia, que fica no Centro do estado, é rica em patrimônio paleontológico, com rochas que remontam ao período Triássico armazenando espécies animais e vegetais que ajudam a recontar a história do planeta Terra.
🔎 Em 2023, a Quarta Colônia foi reconhecida pela Unesco como geoparque mundial. Integram o geoparque as cidades de Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Seca, São João do Polêsine e Silveira Martins.
Paleontólogo Rodrigo Temp Müller com fóssil de Gondwanax paraisensis
Janaína Brand Dillmann/Arquivo Pessoal
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