Temporais no RS: moradores de regiões afetadas relatam desespero em consequência das cheias


Defesa Civil registra 13 mortes, e Corpo de Bombeiros e Brigada Militar (BM) contabilizam outros 11 óbitos. Ao todo, 147 cidades registraram transtornos, afetando 67,8 mil pessoas. Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul desde segunda-feira (29) já deixaram 24 mortos – 13 mortes contabilizadas pela Defesa Civil e mais 11 pelo Corpo de Bombeiros e Brigada Militar. Milhares de pessoas relatam o desespero pelas consequências da chuva (confira abaixo).
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Até o último levantamento da Defesa Civil, 21 pessoas seguem desaparecidas. Ao todo, 147 cidades registraram transtornos, como inundações, quedas de barreiras e deslizamentos de terra. As localidades mais atingidas são as regiões Central, dos Vales, Serra e Metropolitana de Porto Alegre.
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Candelária
Em Candelária, no Vale do Taquari, mais de 100 pessoas aguardam ser resgatadas. Em algumas localidades, o socorro é feito de helicóptero. É o caso do bairro Rebentona. O fornecimento de água na cidade está interrompido. Uma moradora fugiu de casa com um filho de 8 meses nos braços, mas toda a família permaneceu na residência. Outra foi resgatada nesta quinta-feira (2) após aguardar três dias pelo resgate.
Moradora de Candelária revela situação do município
Reprodução/RBS TV
Tem gente hoje ainda ilhada, com criança. Tem gente em cima de galpão. São 20 pessoas em cima de galpão. Tem gente que a gente não tem notícia. Em casas próximas, ouviram pedidos de socorro e não tem. Não sabem deles. Isso é uma dor. A gente nunca viu tão grande. A gente perdeu tudo, tudo, tudo. Não tem nada.
Mulher é resgatada após três dias em Candelária
Reprodução/RBS TV
“Eu estou bem, estou bem. A gente é acostumado com a enchente só que desse jeito a gente nunca viu. O meu guri e a minha mãe já estão no hospital”, disse a moradora que ainda não foi identificada.
Santa Cruz do Sul
Em Santa Cruz do Sul, na Região Central do estado, moradores desabrigados precisaram se alojar no Parque da Oktoberfest. Tanto no município quanto em outras localidades próximas, 183 mil imóveis, de 15 municípios, estão com o fornecimento de água interrompidos.
Belmira Ramos, aposentada
Mulher precisou se abrigar em Parque da Oktoberfest
Reprodução/RBS TV
“Eu tinha pena dos outros que eu via no abrigo, mas eu pensei: ‘eu nunca vou precisar’. Eu tinha pena de ver aquelas pessoas tudo de fora, na água se mudando, casa caindo. Agora chegou na minha casa isso aí. Eu estou desesperada. Nunca pensei que ia passar por isso”.
Venâncio Aires
Em Venâncio Aires, na Região dos Vales, ao menos 170 pessoas estão desabrigadas. No município, as aulas estão suspensas. Foram 118,6 milímetros de chuva registrados nas últimas 24 horas.
Andreia Terezinha Conceição, dona de casa
Mulher revela que passa pela terceira enchente em menos de um ano
Reprodução/RBS TV
“.É a terceira vez, né? É um sentimento de perda, impotência, porque a gente não sabe. É bem triste, mas vai fazer o quê? Deus da força para a gente”.
Cachoeira do Sul e Rio Pardo
Cachoeira do Sul e Rio Pardo, na Região Central do estado, estão entre as cidades que deverão ser as mais atingidas por cheias de rios nos próximos dias, conforme divulgado em coletiva pelo governador Eduardo Leite. Há a recomendação para que pessoas que morem próximas a rios deixem suas casas imediatamente. Entre ambas as cidades, um homem ficou preso sobre o carro durante 15 horas.
Claiton Homrich, engenheiro
Homem foi encontrado por grupo de amigos, sobre carro, preso em árvore
Eder Sari
“É muito tenso, muito tenso. O que acontece: tu fica impotente ali, tu não sabe o que vai acontecer. Pra tu ter uma ideia, não dá para dormir, né, porque o carro balançava, e tu sempre se segurava no galho de uma árvore, e vai que o carro escorrega da árvore e vai que ele caia”.
Encantado
No município de Encantado, no Vale do Taquari, a orientação da Defesa Civil é que as pessoas que moram em área de risco deixem a residência imediatamente. Redobra-se a atenção visto que a barragem 14 de julho, em Cotiporã, em que passa o Rio Taquari, está em processo de colapso.
Moradora precisa se abrigar com a filha em ginásio municipal
Reprodução/RBS TV
“O sentimento é de tristeza, porque a gente não sabe como vai estar a casa da gente, as coisas da gente, que tanto trabalho a gente passa no dia a dia para construir, para conseguir comprar .E agora chegar do nada e a gente ter perdido tudo. E triste”.
O que causa os temporais no RS
Os meteorologistas afirmam que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de, ao menos, três fenômenos que ocorrem na região, agravados pelas mudanças climáticas. Nas próximas 24 horas, há previsão de mais chuva.
A tragédia no estado está associada a correntes intensa de vento, a um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.
“O que acontece é que tivemos várias frentes frias que não conseguiram se dissipar para outras regiões por causa do bloqueio atmosférico e, com isso, elas passaram a agir sobre todo o Rio Grande do Sul”, revela Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo.
Além das mortes e desaparecimentos causados, atualmente 67,8 mil pessoas foram atingidas pelos efeitos do mau tempo. São 14,5 mil moradores fora de casa – 4.599 em abrigos e 9.993 desalojados (na casa de familiares ou amigos).
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