Quase 95% das famílias de Porto Alegre admitem algum tipo de dívida

Levantamento divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que 94% das famílias de Porto Alegre consultadas admitem algum tipo de dívida. O índice se refere aos últimos dez dias de agosto e ficou mais de um ponto acima do verificado no mês anterior (92,9%). Já em relação ao mesmo período no ano passado, houve queda superior a dois pontos (96,3%).

A Federação do Comércio de Bens e de Serviços (Fecomércio) do Rio Grande do Sul chama a atenção para o fato de que o índice continuou crescendo desde as enchentes de maio no Estado. “Apesar dessa alta marginal, esta edição do estudo apresenta algumas melhoras que esboçam um processo de reação”, avalia a entidade.

Em relação ao nível de endividamento, 28,7% se assumiram “muito endividados”. O índice ficou abaixo do verificado no mês anterior, após duas altas consecutivas. Também houve redução na fatia da renda comprometida pelo pagamento de dívidas (27,8% em setembro), interrompendo um ciclo de seis altas seguidas.

Inadimplência

Os principais sinais de melhora, porém, vieram dos indicadores ligados à inadimplência. Houve recuo no percentual de famílias com contas em atraso, passando de 39,1% para 38,4% entre agosto e setembro. Vale salientar que esse índice é maior que o verificado em maio, último mês anterior à tragédia) quando marcava 34,4%. Houve também redução no tempo de atraso.

Já o percentual de famílias que não terão condições de quitar nenhuma parte das dívidas em atraso nos próximos 30 dias se manteve em 3,7% do total (9,6% entre as com dívidas em atraso), mesmo patamar de agosto. Na edição de setembro do ano passado, essa parcela era de 2,6%.

“Esse indicador é importante para acompanhar o grau de manutenção da inadimplência, mesmo assim ocorreu uma melhora qualitativa significativa na passagem do mês”, acrescenta a Fecomércio-RS.

Dentre os entrevistados que estavam em situação de inadimplência, foi constatado uma alta considerável no segmento dos que afirmaram ter condições de quitar a totalidade das dívidas em atraso nos próximos 30 dias. Em agosto essa fatia era de 46,6% e agora está em 54,8%, o que sugere o empenho em quitar os compromissos pendentes.

“Apesar da melhora observada no mês, o sinal de alerta sobre as condições de endividamento e inadimplência ressaltado na última edição desta pesquisa segue ligado”, comenta o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn. “Estamos com patamares de endividamento e inadimplência ainda superiores aos que antecederam a tragédia natural e entramos em um ciclo de alta de juros, o que tende naturalmente a reduzir a atividade econômica e impulsionar a inadimplência.”

(Marcello Campos)

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