Refúgio no Litoral: população em Capão da Canoa quase quadriplica desde o início das enchentes no RS


Munícipio estima ter recebido mais de 200 mil pessoas no período, sendo 2 mil em abrigos. Prefeitura ressalta preocupação com saúde pública, especialmente em relação a medicamentos. População em Capão da Canoa quase quadriplica desde o início das enchentes no RS
Capão da Canoa, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, registrou crescimento exponencial de pessoas no município desde o início das enchentes no estado. A população passou de 80 mil para mais de 300 mil, estima a prefeitura, o que representa um número aproximado 3,75 vezes maior para o período de baixa temporada.
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A cidade a 150 km de Porto Alegre serve de refúgio para os milhares de desamparados pelas inundações. A maior parte foi para casa ou apartamento de familiares. Conforme estimativa da Secretaria de Cidadania, Trabalho e Ação Comunitária, aproximadamente 2 mil se abrigaram no Ginásio Escola Leopoldina.
Destes, cerca de 500 precisaram consultar um clínico geral, além de atendimento psicológico. Muitos chegaram sem documentos e cartão do SUS. A maioria dos desabrigados veio de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, uma das cidades mais atingidas pelas cheias.
“A gente percebe procura nos postos de atendimento dos bairros, hospitais, pessoas pedindo vagas nas escolas. Sinal de pessoas querendo ficar. Vieram não só para se refugiar, mas permanecer no município. Algo inesperado. Essa preocupação já surgiu. Estamos engajados para montar uma estratégia na saúde e educação”, explica Renata Klein, Secretária de Cidadania.
Chegou a 148 o número de vítimas dos temporais e enchentes que assolam o estado desde o final de abril. O boletim da Defesa Civil ainda contabiliza 124 desaparecidos e 806 feridos. O número de pessoas fora de casa é de 615,4 mil. No total, 76,8 mil estão em abrigos e 538,5 mil estão desalojados (em casa de amigos e parentes).
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Capão da Canoa, litoral norte do Rio Grande do Sul
Reprodução/RBS TV
Reflexos no comércio
O crescimento populacional reflete também na demanda da cidade. De acordo com o presidente da Associação Comercial Industrial de Capão da Canoa e Xangri-Lá, Augusto Roesler, o consumo de água aumentou em 70%; de combustível e supermercado, 50%; e restaurantes, 100%. Há relatos de prateleiras vazias, mas não há casos confirmados de desabastecimento.
“Pedir um fast food fora de temporada leva 30 ou 40 minutos. Hoje, durante esta situação caótica, está levando 2h30, 3 horas pra pedir um pizza, por exemplo”, afirma Augusto.
O ‘boom’ populacional em Capão da Canoa gera reflexos também na saúde pública. O secretário da pasta, Tiarlin Abling, ressalta a preocupação do município especialmente com uma eventual falta de medicamentos.
“Preocupa não só a questão de medicamentos de responsabilidade do estado, mas os medicamentos básicos. Nossos fornecedores foram atingidos. Prefeito tem feito contato para ver de que forma vamos resolver isso e não colapsar e faltar insumos. Não conseguimos ter uma dimensão de até quando vamos manter este espaço, estes voluntários e a farmácia abastecida”, declara.
A segurança pública foi outro ponto que mereceu atenção das autoridades. Na segunda-feira (13), policiais civis chegaram a Capão da Canoa para dar suporte e reforçar o efetivo na região.
“Acredito que Capão é uma cidade servindo de referência aqui no litoral. Quando começou não tinha cartilha, nem como iniciar, nem orientação. Tivemos alguns erros no início, fomos acertando com o decorrer do tempo. Hoje, é o (município) mais procurado e organizado”, complementa a secretária Renata Klein.
Abrigo em Capão da Canoa recebe cerca de duas mil pessoas
Reprodução/RBS TV
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