Moradores relatam como é a rotina sem água na torneira durante cheias no RS: ‘usamos da piscina’


Só em Porto Alegre, 200 mil pessoas estavam desabastecidas até esta terça-feira (14), segundo o Dmae. Temporais já causaram transtornos em 446 dos 497 municípios do RS, afetando mais de 2 milhões de pessoas. Baldes e galões de água utilizados por morador de Gravataí
Otávio Henrique Gonçalves de Andrade
Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul desde o final de abril já causaram 149 mortes, 112 desaparecimentos e também o desabastecimento de serviços essenciais, como de água. A Corsan, que atende 317 municípios do estado, afirma que 159,6 mil imóveis estão sem água.
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Liomar Dornelles, morador de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, está há 11 dias sem acesso à água em casa. Segundo ele, está sendo difícil passar por esse momento.
“Pegamos dos vizinhos, que tem poço. Buscamos de baldes”, afirma.
De acordo com o morador, no bairro onde mora não foram colocados à disposição da população caminhões-pipa para o fornecimento de água, medida que foi anunciada pela prefeitura da cidade no último dia 6.
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Otávio Henrique Gonçalves de Andrade, morador de Gravataí, também na Região Metropolitana de Porto Alegre, é outro que vive o drama de estar sem água encanada. No caso dele, são 10 dias sem abastecimento. Para o consumo, ele utiliza litros que compra no supermercado, assim como de garrafas doadas.
“Estamos nos virando com a água da piscina do condomínio para uso no banheiro e para tomar banho”, afirma.
Já o Departamento Municipal de Água de Esgoto (Dmae), em Porto Alegre, disse que cerca de 200 mil pessoas estavam sem abastecimento nesta terça-feira (14). Das seis estações de tratamento de água (ETAs) que compõem o sistema de tratamento de água na capital, duas estão inoperantes: a ETA Menino Deus e a ETA Ilhas. Confira abaixo os bairros desabastecidos.
Estação de tratamento de água Menino Deus, em Porto Alegre
Luciano Lanes/PMPA
Ainda que haja água, no Jardim Itú Sabará, na Zona Norte da Capital, a água tem vindo de forma intermitente, ou seja, com interrupções, segundo o morador Rogério Nunes. Ele afirma que o abastecimento é feito pela manhã e termina no início da tarde, ao menos nos últimos quatro dias.
“Isso dificulta para tomar banho, pois pode queimar a resistência do chuveiro”, diz.
Outros fatores negativos são a baixa pressão que chega às torneiras, assim como a água turva.
“O gosto é ruim para tomar. Estamos tomando somente água mineral”, complementa.
O Dmae afirma que, apesar da turbidez, a água é potável e própria para o consumo.
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Alerta do Dmae sobre a qualidade da água em Porto Alegre
Reprodução/X
Situação de rodovias e da energia elétrica
🛑 Estradas
As polícias rodoviárias Federal e do RS afirmam que há 151 trechos de estradas bloqueados, parcial ou totalmente – 51 pontos em rodovias federais e outros 100 em rodovias estaduais.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) liberou o tráfego de veículos de emergência sobre a ponte do Rio dos Sinos, em São Leopoldo. Além disso, o órgão conectou rotas da Região Metropolitana de Porto Alegre ao interior do Rio Grande do Sul pela BR-116. A medida é fundamental para que serviços de emergência cheguem a áreas afetadas pelas enchentes.
A CCR ViaSul retirou a cobrança da tarifa em todas as praças de pedágio nas rodovias BR-101 (Três Cachoeiras), BR-290/Freeway (Santo Antônio da Patrulha e Gravataí) e BR-386 (Montenegro, Paverama, Fontoura Xavier e Victor Graeff). Porém, a parada é obrigatória para registrar a isenção.
🔦 Energia
O estado tem 258 mil pontos sem energia elétrica. As regiões abastecidas RGE Sul somam 132,6 mil clientes sem luz (4,3% do total). Já na área da CEEE Equatorial, são 125,4 mil clientes sem energia (6,9% do total).
Números da tragédia
Os temporais e as cheias que atingem o Rio Grande do Sul já deixaram 149 vítimas, segundo o boletim mais recente da Defesa Civil. Além disso, são 112 desaparecidos e 806 feridos.
São 617,7 mil pessoas fora de casa – 79,4 mil em abrigos e 538,2 mil desalojados (em casa de amigos e parentes).
Dos 497 municípios do estado, 446 registraram transtornos relacionados aos temporais, afetando mais de 2,1 milhões de pessoas.
Bairros desabastecidos em Porto Alegre:
ETA Menino Deus (inoperante por troca de motor na estação de bombeamento de água bruta) – bairros afetados: Agronomia, Alto Teresópolis, Aparício Borges, Azenha, Assunção, Belém Velho, Camaquã, Cavalhada, Centro, Cidade Baixa, Cristal, Intercap, Jardim Botânico, Jardim Carvalho, Jardim do Salso, Jardim Europa, Medianeira, Menino Deus, Nonoai, Partenon, Parque Charruas, Petrópolis , Praia de Belas, Santana, Santa Tereza , São Jorge, São José , Santo Antônio, Tristeza, Vila Campo da Tuca, Vila Conceição, Vila dos Comerciários, Vila dos Sargentos, Vila Alto Erechim, Vila João Pessoa, Vila Nova e Vila Topázio.
ETA Ilhas (inoperante por tempo indeterminado, em razão de alagamento) – bairros afetados: Arquipélago.
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