A corrida pela Presidência do Grêmio já começou!

2024 ainda nem acabou e Alberto Guerra, atual presidente do Grêmio, ainda terá mais uma temporada de gestão pela frente, mas a corrida pela sucessão presidencial já começou. Nos bastidores, reuniões dos movimentos políticos já estão acontecendo em todas as vertentes, num momento em que alianças são fundamentais para a elaboração de estratégias. É neste momento que surgem os protagonistas de uma campanha. É bem verdade que quando as coisas dentro de campo não vão bem, a oposição se torna mais atuante. E o clima pesado dentro e fora do clube fornece os ingredientes fundamentais para isso. A gestão de Guerra, com insucessos em quase todos os campeonatos (venceu apenas dois Campeonatos Gaúchos) é amplamente contestada pela torcida, e isso se reflete no meio político e até dentro da própria gestão.

Eleita para comandar o clube nos anos de 23/25, a gestão de Guerra contou com apoio de 9 movimentos políticos, entre eles o tradicional MGI (Grêmio Independente), principal movimento de sustentação da situação. Além de contar com dois vice-presidentes no Conselho de Administração, o MGI conta, também, com o Presidente do Conselho Deliberativo, Alexandre Bugin. Acontece que a lua de mel entre Guerra e seus aliados não resistiu aos resultados dentro de campo e o próprio CA enfrenta divergências de opiniões. Dividido, o Administrativo tem, pelo menos, três integrantes que pensam diferentes de Guerra, exigindo mudanças no Departamento de Futebol. Contudo, Guerra parece não dar muitos ouvidos aos seus pares, não deixando seus aliados opinarem no futebol do clube. Isso já afastou movimentos e causou mal estar no próprio MGI, que sequer tem sido ouvido sobre o futebol, mas mesmo discordando das decisões de Guerra, segue sem deixar transparecer seu descontentamento. Cogita-se, inclusive, que o Movimento lançará nome próprio para 25. Eduardo Magrisso, vice-presidente e Alexandre Bugin, Presidente do Conselho Deliberativo, são os nomes cogitados para o pleito.

Em meio a tudo isso, duas certezas precisam ser colocadas. A primeira é que Alberto Guerra não concorrerá à reeleição, pois tem impedimentos particulares, além da altíssima rejeição da torcida. Mas, lógico que não irá entregar a cadeira de mão beijada para a oposição. Especula-se que Guerra apoiará o nome de Luciano Feldens, outro integrante do CA. Mas seu grande trunfo será dado no início de 25. Guerra sonha com o ídolo gremista Danrlei, em um cargo remunerado dentro do clube. Ser remunerado para atuar no clube seria a única forma de Danrlei, que é Deputado Federal, se afastar da política partidária. Mas esta movimentação é muito delicada. Primeiro que trata-se de Danrlei, que é extremamente temperamental. Até o último momento, o ex-goleiro pode mudar totalmente a sua decisão, como já o fizera anteriormente. Especialmente porque abandonar uma carreira sólida na política não é algo fácil de se fazer. Danrlei é a maior expressão estadual do seu partido, o PSD. Embora tenha mostrado declínio em suas últimas votações para deputado, ele manda e desmanda na sigla, que também tem o Gaúcho da Geral, eleitos por uma rede muito bem cultivada de grupos e consulados gremistas em todo o RS, além de parcerias políticas em grande parte do Estado, se uma verdadeira rede de apoio criada e cultivada por ele. Danrlei trata com sigilo suas questões de clube, pois sabe o tamanho da pressão que irá receber do PSD caso resolva abandonar a política partidária. Contudo, um salário acima dos três dígitos poderia convencê-lo. É no que aposta a vertente de Guerra.

A outra certeza que temos na política de Grêmio é que Paulo Caleffi será candidato. Mas essa candidatura ainda precisa de muita articulação. Em pré-campanha a pelo menos 1 ano e meio, Caleffi é o nome mais expressivo entre os torcedores. Vice-Presidente de Futebol na contratação de Suárez, com os insucessos posteriores do time, Caleffi é visto como o “Salvador da Pátria”, principalmente pelo público desafeto criado entre ele e Guerra, quando da sua saída prematura do cargo. Os então amigos de longa data passaram a ser inimigos políticos, e mesmo negando, Caleffi participa de rodas de conversas em busca de apoio. Entre a torcida ele tem ampla popularidade, pois é visto como o responsável pela contratação do craque uruguaio. O fato não chega a ser verdade absoluta. O próprio Caleffi já deu entrevistas contando que a ideia foi de Antônio Brum, seu Diretor de Futebol à época e que o sucedeu na vaga de VPF. Caleffi foi importante, sim, na condução dos trâmites até a efetivação de Suárez, mas ele não pode assinar 100% este mérito.

Mas Caleffi tem uma dificuldade para tornar-se efetivamente candidato: passar pela cláusula de barreira na votação dos candidatos no Conselho Deliberativo do clube. Para isso, o candidato terá que atingir 20% do quórum do CD, algo em torno de 70 votos. Como ele não participa de nenhum movimento político do clube, terá que fazer parcerias com outras correntes. Aí é que reside o problema. Caleffi não tem uma história política no clube, não formou muitas amizades nem tem o tino pela política de alianças. Ao contrário, arrumou algumas inimizades em várias correntes políticas. Ele chegou ao cargo por convite pessoal de Guerra, com quem está de relações cortadas. O MGI, movimento de grande participação no CD, deverá ter seu próprio candidato. A grande oposição de Guerra na última eleição, a corrente do Grêmio Sem Fronteiras se dividiu. Inclusive, Antônio Dutra deverá se candidatar, também, e já movimenta suas peças. E mesmo de um lado ou outro dessa divisão, Caleffi não tem entrada nenhuma. Para chegar aos 70 votos no Conselho, restaria um apoio da Chapa do Danrlei, que já tem 50 Conselheiros e deverá aumentar a bancada na próxima eleição. Mas isso também não é provável que aconteça. Há divergências entre eles e essa parceria se mostra inviável neste momento.

Mas, então, Caleffi não poderá concorrer? Bem, existe uma saída para Caleffi conseguir colocar seu nome no pátio: fazer como fez Danrlei na última eleição! Criar uma chapa, talvez pura, para a eleição do Conselho, que antecede a presidencial, e fazer uma votação expressiva. Algo que lhe garanta cerca de 50 Conselheiros. Isso, somado a pequenas alianças de movimentos menores, poderá lhe dar a condição de ir para a disputa no pátio, como se fala. Lá, no ambiente de hoje, Caleffi parece imbatível!

Pelo panorama acima, parece que a eleição poderá se definir no Conselho. Se Caleffi conseguir os 20% da cláusula de barreira, certamente será ele o novo presidente. Contudo, existe um fator surpresa que deverá ser outro balizador na corrida pela cadeira que hoje é de Guerra. Existe um grupo tradicional de Conselheiros do clube que se denominam Conselheiros Independentes, pois não estão associados a nenhum movimento político. Este grupo costuma concorrer em bloco nas eleições do Conselho Deliberativo e depois cada um busca um lado na eleição presidencial. Mas nesta eleição prometem fazer diferente, lançando eles um candidato próprio. O grupo adotou o nome CIA (Conselheiros Independentes da ASDEP). ASDEP é o nome do local onde adotaram para sede de seus encontros, que acontecem há décadas. Este grupo conta com nomes como Ben-Hur Marchiori, Nestor Hein, Dênis Abraão, Serginho Vasquez, Adalberto Aquino, Adriano Escalona e importantes empresários dispostos a invertirem no Tricolor. A CIA tem marcado presença em diversos programas de rádio e televisão, embora não tenham definido, ainda, quem será o candidato à eleição presidencial. E para competir contra um candidato forte, de grande apelo junto ao torcedor, acenam com a ideia de uma contratação a nível de Suárez, além de uma política de resgate à história e tradição Tricolor e valorização da base, considerada a verdadeira “SAF” do clube, com potencial de manter o Tricolor capaz de enfrentar competitivamente às grandes empresas que investem e já dominam o futebol brasileiro.

O cenário ainda está sendo montado, as alianças e estratégias costuradas. Há tempo de uma temporada inteira para que tudo se defina, mas saiba o torcedor do Grêmio que o futuro do clube já está sendo preparado.

Com a informação Reportagem Lelê Pereira – @reporterlelepereira

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