Dólar dispara e fecha a R$ 5,86, no segundo maior valor da história

O dólar encerrou a última sexta-feira (1º) em alta, alcançando R$ 5,8698, o segundo maior valor nominal já registrado, descontada a inflação. O recorde anterior foi em 13 de maio de 2020, quando a moeda americana atingiu R$ 5,9007. Em contraste, o principal índice da bolsa de valores, o Ibovespa, fechou em queda.

Neste ano, o dólar acumula uma alta de 20%, em meio a incertezas econômicas tanto no Brasil quanto no cenário global. O mercado financeiro aguarda uma definição do governo federal sobre cortes de gastos planejados para o fim do ano, que ainda não foram anunciados. A equipe econômica está sob pressão para cumprir a meta de déficit zero nas contas públicas em 2024, com expectativas de cortes que variam entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu a “inquietação” do mercado e afirmou que apresentará os cortes, mas não especificou datas, pois as decisões dependem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No âmbito internacional, o clima também é de apreensão, especialmente com a aproximação das eleições nos Estados Unidos e novos dados de atividade econômica que levantam dúvidas sobre a condução das taxas de juros. O embate eleitoral ocorrerá na próxima terça-feira (5), entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump, com o ex-presidente sendo visto como o candidato mais forte, o que poderia trazer uma agenda de maior protecionismo.

Adicionalmente, os investidores estão avaliando dados recentes do mercado de trabalho dos EUA, que mostraram a criação de apenas 12 mil novas vagas de emprego em outubro, muito abaixo da expectativa de 106 mil e das 223 mil registradas em setembro. A taxa de desemprego nos EUA manteve-se em 4,1%.

Os dados negativos são atribuídos a greves que impactaram a geração de empregos, como a greve da Boeing, embora outros indicadores tenham se mostrado dentro do esperado. Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a fraqueza no mercado de trabalho pode levar o Federal Reserve a considerar novos cortes nas taxas de juros, atualmente entre 4,75% e 5% ao ano, mas a preocupação é que isso possa indicar uma desaceleração econômica mais intensa.

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