Indiciado por atentado a jornalista é exonerado de cargo em secretaria no governo do RS


Micael Carissimi foi nomeado coordenador da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado há um mês. Ele também foi indiciado por corrupção passiva e por supostamente integrar organização criminosa pela PF. Micael Carissimi
Arquivo pessoal
Micael Carissimi (MDB), político indiciado criminalmente, em fevereiro de 2022, pela Polícia Civil por suspeita de encomendar um atentado contra o jornalista Daniel Carniel foi exonerado do cargo de coordenador da assessoria de gabinete da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do RS. Carissimi havia sido nomeado em maio e teve a exoneração publicada no Diário Oficial do Estado nesta segunda (26), um mês após o caso ser divulgado pelo g1 RS.
Ex-secretário de Obras e Administração da Prefeitura de Garibaldi, na Serra do RS, Carissimi foi indicado para a vaga pelo presidente da Assembleia Legislativa, Vilmar Zanchin (MDB).
O g1 buscou posicionamento de todos os envolvidos no caso. Leia notas completas abaixo.
Carissimi foi anunciado no cargo pela secretária da pasta, Simone Stülp, em publicação nas redes sociais. O salário bruto para o cargo de comissário superior era de R$ 14.449,00.
Exoneração de Micael Carissimi publicada no Diário Oficial do dia 26 de junho de 2023
Reprodução
Conforme consta no inquérito policial, Micael Carissimi teria sido o mandante da agressão sofrida pelo jornalista Daniel Carniel, em Garibaldi, no dia 14 de janeiro de 2022. Ele foi espancado quando chegava para apresentar um programa numa televisão na cidade. Câmeras de segurança flagraram dois homens, também indiciados pelo ataque, em frente ao prédio. O vídeo mostra um homem, de mochila, afastando-se, e o agressor, de máscara, entrando no local.
Antes de ser nomeado no Poder Executivo, Micael Carissimi era assessor da Superintendência de Comunicação da Assembleia, de onde foi exonerado no dia 31 de janeiro de 2022, duas semanas após o atentado.
Além do indiciamento criminal, o coordenador da secretaria também foi investigado na Operação “Caementa” que apura suspeita da fraude em licitações quando era secretário de Obras de Garibaldi. Carissimi foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva e por supostamente integrar organização criminosa.
Em operação realizada em novembro de 2018 pelos agentes federais, foram encontrados R$ 10 mil em dinheiro no carro do então secretário e ainda R$ 162,5 mil na casa dele.
“Registre-se que os valores estavam acondicionados em envelopes com a identificação da empresa Concresart Tecnologia em Concretos LTDA”, afirma o relatório.
O que dizem os envolvidos
O grupo Supertex Concreto Ltda, do qual faz a parte a empresa Concresart, diz que “implementou diversos programas de compliance, visando a atuação dentro das mais estritas regras de conformidade, relativamente às suas áreas de atuação, e vem colaborando com as autoridades em todas as demandas oriundas do juízo criminal”. Conforme a nota, os fatos apurados são anteriores a janeiro de 2019, quando a empresa passou a ser administrada por gestão judicial, devido à recuperação judicial decretada pela Justiça.
A assessoria de comunicação do deputado estadual Vilmar Zanchin (MDB) afirma que “indicações para cargos comissionados do governo do estado partem dos partidos que compõem a base aliada” e que “tanto a nomeação, quanto o desligamento, seguem critérios estabelecidos pelo Poder Executivo”.
A Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS informou que, “após as averiguações conduzidas juntamente com a Casa Civil, decidiu-se por exonerar Micael Carissimi do cargo de coordenador de assessoria de gabinete. A Sict reitera que preza por um trabalho ético, responsável e que proporcione e colabore para o desenvolvimento social e econômico do Rio Grande do Sul”.
O g1 aguarda posicionamento dos outros envolvidos no caso.
Nota do grupo Supertex Concreto Ltda
O Grupo Supertex Concreto Ltda (Em Recuperação Judicial), do qual faz a parte a empresa Concresart Tecnologia em Concretos Ltda., encontra-se capitaneado por Gestor Judicial desde o início do ano de 2019, em razão da deflagração da Operação Caementa, em novembro de 2018.
De lá para cá, a empresa implementou diversos programas de compliance, visando a atuação dentro das mais estritas regras de conformidade, relativamente às suas áreas de atuação, e vem colaborando com as autoridades em todas as demandas oriundas do juízo criminal.
Por conta disso, a empresa, por sua atual gestão, não tem informações que possam ser prestadas, relativamente a fatos anteriores à nomeação do Gestor Judicial, que não as que já constam dos inquéritos e ações penais em curso, dos quais – importante que se frise – não é investigada ou processada, mas um terceiro diretamente interessado.
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