Bolsonaro considera PEC do fim da escala 6×1 uma “armadilha” e sugere inclusão de salário mínimo de R$ 10 mil no texto

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) orientou a bancada do partido a agir de forma maliciosa durante os debates na Câmara sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que põe fim à escala de trabalho 6×1, com seis dias consecutivos de jornada máxima e só um de descanso. Durante evento na sede do PL, em Brasília, o ex-presidente disse que os parlamentares não podem cair “na armadilha” de se colocar contra o tema, que mobiliza a opinião pública.

Bolsonaro falou sobre o assunto em evento no qual o seu filho 03, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), foi nomeado secretário para assuntos institucionais e internacionais do partido.

Nessa quarta-feira (13), a PEC atingiu o número mínimo de assinaturas para ser protocolada. Na proposição protocolada no Congresso em 1º de maio, Dia do Trabalhador, a parlamentar defende que o País adote a jornada de trabalho de quatro dias, e prevê mudanças no número de horas trabalhadas.

“Areia movediça”

Bolsonaro considera que a medida traria prejuízos à economia, mas disse que é necessário ter cautela ao se opor à PEC, que ele definiu como “areia movediça”.

“Quem está contra a PEC 6×1 está com razão, mas está dando um tiro no pé (por se opor ao assunto). Quem quiser fazer a coisa certa vai se dar mal. Se combate o veneno com peçonha. O PT está jogando empregados contra patrões. Calma, sem muitos discursos. Este tema é uma areia movediça. Que tal colocar na PEC R$ 10 mil de salario-mínimo? Vamos provocar o chefe do Executivo? Ele tem que se pronunciar, a PEC tem que ser dele. Eles mentem que alguém trabalhará 4 vezes por semana. Joga o abacaxi pra ele resolver”, afirmou.

Hoje, a carga horária, estabelecida pelo artigo 7º da Constituição Federal, assegura ao trabalhador um expediente não superior a oito horas diárias e 44 horas semanais. O texto inicial da PEC sugere que o limite caia para 36 horas semanais, sem alteração na carga máxima diária de oito horas e sem redução salarial. Isso permitiria que o País adotasse o modelo de quatro dias de trabalho.

Precarização

A discussão em torno da PEC foi encabeçada pelo vereador eleito pelo Rio de Janeiro, Rick Azevedo (PSOL), que lidera o Movimento Vida Além do Trabalho. Sua correligionária trouxe a proposta para o Congresso Nacional. Na comissão de Direitos Humanos da Casa, a parlamentar defendeu que o fim da escala proporcionaria uma melhor saúde mental ao trabalhador.

“Os trabalhadores têm sua condição de saúde mental afetada por esta lógica do trabalho seis por um. Outros países do mundo mais desenvolvidos que o nosso, sem esta lógica escravocrata, já avançaram nesta política. Ninguém tem a resposta se será quatro por dois, quatro por um. O que queremos fazer é trazer esses trabalhadores precarizados a esta casa para discutir”, disse.

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