Devido a previsão de tempestade, Marcha Independente Zumbi e Dandara acontecerá nesta quinta-feira (21)

Prevista para acontecer nesta terça-feira (19), véspera do dia Nacional da Consciência Negra, Marcha Independente Zumbi e Dandara 2024: “Caminhada por Justiça, Memória e Resistência” foi transferida para esta quinta-feira (21), devido a previsão de tempestades severas para Porto Alegre. De acordo com os organizadores, a decisão foi tomada em função aos eventos recentes causados pela enchente de maio. 

“Essa decisão é tomada com sensibilidade ao impacto das chuvas no estado, considerando as consequências das enchentes de maio desse ano ainda vividas pelos gaúchos e gaúchas, em especial pelo povo negro, que historicamente sofre os maiores impactos em situações de calamidade”, afirmam os organizadores. 

Porto Alegre, cidade onde foi criado o dia da Consciência Negra, pela primeira vez terá feriado. Isso porque o presidente Lula sancionou, em dezembro do ano passado, a lei que inclui o Dia da Consciência Negra no calendário de feriados nacionais. Organizada pelo Novembro Antirracista Unificado, no centro da capital gaúcha, a marcha terá concentração na Esquina Democrática, a partir das 17h, e a arrancada da caminhada, às 19h.

De acordo com os organizadores, este ano, a marcha ocorre em um momento de profunda reflexão sobre as condições de vida e dignidade das populações negras e carrega um significado ainda mais profundo, pois marca os 180 anos do Massacre de Porongos, episódio ocorrido em 1844.

“Este foi um dos momentos mais cruéis da Guerra dos Farrapos, em que tropas imperialistas atacaram covardemente os lanceiros negros que lutaram com a promessa de liberdade. O massacre é um símbolo histórico da luta pela dignidade e pela liberdade. Relembrá-lo é honrar a memória dos que foram injustiçados e reafirmar a luta contra o racismo estrutural”, destacam.

Pautas essenciais 

Entre as atividades está uma audiência pública na Assembleia Legislativa, às 18h30, do dia 22 de novembro, para discutir retrocessos políticos, entre eles, a autodeclaração de candidatos como negros. Nas eleições municipais deste ano, seis capitais elegeram homens autodeclarados negros, que antes da disputa se declaravam brancos.

Conforme destacam os organizadores além das tragédias recentes, a Marcha Independente Zumbi e Dandara lembrará que os desafios históricos do povo negro persistem, como a luta pelo fim do genocídio da população negra, a falta de políticas públicas nas comunidades e a exclusão do mercado formal e digno de trabalho. 


Foto: Divulgação

Homenagem a Zumbi dos Palmares

Nesta quarta-feira (20) acontecerá a inauguração da Estátua em Homenagem a Zumbi dos Palmares, a partir das 16h. A estátua é fruto de uma iniciativa política viabilizada por meio de emenda parlamentar do mandato da vereadora Karen Santos (Psol), em parceria com o movimento social negro de Porto Alegre. A obra é do artista Mario Cladera. 

Para o artista, a importância da imagem é o fortalecimento da conquista de espaços do povo negro na cidade de Porto Alegre. “Todos os espaços que a população negra tem conquistado tem sido na base da luta, da participação, da organização. E cada vez fica mais evidente a segregação que existe em toda sociedade não só na sociedade brasileira, como no próprio município. Então conseguir botar na rua uma escultura de um herói nacional, negro, quilombola marca a conquista de um espaço e de uma posição dos afrodescendentes da cidade.”

Ainda de acordo com o escultor, ela reflete a conquista de uma luta que já vem sendo travada há muito tempo. De acordo com ele a ideia desde o início era representar Zumbi como um herói guerreiro. Para tanto ele comenta que foi feito um intenso levantamento antropológico, histórico com o auxílio de profissionais da área, buscando referências de produção cultural que tivessem relação com Zumbi.

“Esse projeto reforça o compromisso com a valorização da história e da cultura afro-brasileira. Zumbi dos Palmares, ao lado de Dandara, liderou o Quilombo dos Palmares, que por mais de um século resistiu bravamente aos ataques coloniais, tornando-se referência histórica para as lutas por liberdade”, destaca Karen Santos.

 


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