A lista dos 37 indiciados pela Polícia Federal inclui, além do ex-presidente Jair Bolsonaro, de ex-ministros e de militares, um religioso

O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo, figura entre os 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) pelos crimes de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. A lista inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros e militares.

O sacerdote foi, em fevereiro deste ano, alvo da Operação Tempus Veritatis, da PF. A corporação identificou que o pároco participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto, quando foi discutida uma minuta golpista para impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o padre seria integrante do núcleo jurídico do esquema e atuaria no “assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.

Sigilo sacerdotal

Na operação, o padre foi informado que teria que cumprir medidas cautelares para não ser preso. Ele disse que entregou seu celular à PF sem as senhas pois, segundo ele, seu “sigilo sacerdotal não pode ser violado” já que o equipamento armazena os “dramas mais profundos de fiéis”.

No dia do resultado do primeiro turno da eleição presidencial, no início de outubro, José Eduardo postou uma foto de um altar com a bandeira do Brasil em cima de uma santa. Na legenda, escreveu: “Uns confiam em carros, outros em cavalos. Nós, porém, confiamos no Senhor e, assim, resistiremos.” Atualmente, o religioso tem mais de 420 mil seguidores nas redes sociais.

Depois da operação de fevereiro, o sacerdote afirmou, em nota, que, em relação ao inquérito da PF, sua posição sobre o assunto é “clara” e “inequívoca”, e disse estar à disposição da Justiça.

“A República é laica e regida pelos preceitos constitucionais, que devem ser respeitados. Romper com a ordem estabelecida seria profundamente contrário aos meus princípios. Abaixo de Deus, em nosso País, está a Constituição Federal.

Portanto, não cooperei nem endossei com qualquer ato disruptivo da Constituição. Como professor de teologia moral, sempre ensinei que a lei positiva deve ser obedecida pelos fiéis, dentre as quais humildemente me incluo”, escreveu em nota.

Também em nota, a Diocese de Osasco afirmou que recebeu a notícia sobre as investigações e buscas da PF à casa do padre por meio das mídias sociais. “A Diocese se colocará sempre ao lado da Justiça, colaborando com as autoridades na elucidação do caso.”

O relatório final do inquérito da Tempus Veritatis e da Contragolpe, com mais de 800 páginas, atribui crimes que chegam a 28 anos de prisão ao ex-presidente, aliados e militares. Também foi detalhada a cronologia fatos, em 2022, ligados à tentativa de manter Bolsonaro no poder, com plano de assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Alexandre de Moraes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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