Governo do RS afasta diretor e quatro servidores de penitenciária após assassinato de preso dentro de cadeia em Canoas


Preso morto foi identificado como Jackson Peixoto Rodrigues, o ‘Nego Jackson’, chefe de uma organização criminosa. Servidor do Complexo Prisional de Canoas teria recebido carta da vítima antes do crime. Vice-governador do RS, Gabriel Souza (MDB)
Reprodução/RBS TV
O governador em exercício do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza (MDB), anunciou o afastamento de um diretor e quatro servidores do Complexo Prisional de Canoas após o assassinato a tiros de um preso dentro da unidade. O crime ocorreu no sábado (23); outro detento é suspeito de efetuar os disparos. A vítima é Jackson Peixoto Rodrigues, o “Nego Jackson”, de 41 anos, considerado chefe de uma organização criminosa (veja abaixo o perfil do preso).
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O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira (25), no Palácio Piratini, sede do Executivo gaúcho, em Porto Alegre. Como o governador Eduardo Leite (PSDB) está em viagem na Ásia, coube ao vice se pronunciar.
“Estou determinando aqui, como governador do estado em exercício, o afastamento de cinco servidores do Complexo Penitenciário de Canoas, cujas funções são: dois supervisores de turno, um chefe de segurança do complexo, o responsável pela segurança da galeria no momento do crime e também o diretor do Complexo Prisional de Canoas”, disse Souza.
De acordo com Gabriel Souza, a medida visa garantir uma apuração isenta do caso. Tanto a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) como a Polícia Civil vão investigar o assassinato no presídio.
“Isso não é por qualquer tipo de confirmação ou crenças do governo e culpabilidade de qualquer um desses servidores. Mas no sentido de buscar uma apuração isenta, uma apuração rigorosa, uma apuração também, na medida do possível, que seja célere”, afirmou o governador em exercício.
Ao fim das investigações, “a depender dos resultados, eles podem tranquilamente retornar às funções”, considerou Souza.
Preso escreveu carta antes de morrer
Segundo o governo, um dos servidores afastados teria recebido uma carta escrita pelo preso assassinado dias antes do crime.
“De fato, houve um documento manuscrito pelo apenado entregue a um agente da Polícia Penal que está sendo afastado neste anúncio que faço agora (…). Essa carta teria sido entregue ao seu advogado, ao advogado do apenado. Portanto, é a informação que temos. Não conhecemos o teor da carta”, relatou Souza.
O preso morto e o suspeito do assassinato estavam em celas diferentes, mas dentro de uma mesma galeria. Eles seriam de facções rivais. Os detentos estavam em Canoas de modo temporário, enquanto aguardavam deslocamento para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
A partir desta segunda, as galerias da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) III passarão por três revistas diárias. Outros presídios do RS também passarão por varreduras após o episódio.
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Arma teria ingressado por drone
Conforme a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo, a suspeita é de que a arma que matou Jackson tenha ingressado no presídio através de um drone. Na madrugada anterior ao episódio, houve registro de sobrevoo na região.
“A galeria tem sofrido constantes tentativas de entregas de ilícitos por drone, sendo interceptado pelos agentes. Na madrugada anterior ao fato, houve um registro de sobrevoo de drone, momento em que servidores revistaram a galeria e retiraram um rádio e drogas”, disse a pasta.
A arma utilizada no ataque dentro da cadeia, uma pistola 9 milímetros, foi apreendida. A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do crime. No fim de semana, dois supostos responsáveis pelo ataque foram identificados.
Quem era o preso morto
O preso morto dentro da cadeia foi identificado como Jackson Peixoto Rodrigues, de 41 anos. “Nego Jackson”, como era conhecido, era apontado como chefe de uma organização criminosa do RS. A arma teria ingressado no interior do presídio através de um drone.
De acordo com o Comando de Policiamento Metropolitano, Jackson tem ligação com 29 homicídios. São assassinatos, com decapitações e esquartejamentos, em que ele teria participação como mandante ou executor. A lista de antecedentes criminais do homem ainda inclui tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Em 2017, “Nego Jackson” foi preso pela polícia do Paraguai. Ele foi capturado na cidade de Pedro Juan Caballero com outros três comparsas. Na ocasião, o chefe de polícia do RS declarou que o criminoso era o procurado número 1 do estado.
Jackson deu entrada no presídio federal de Porto Velho (RO) e pediu para ser recolhido no espaço destinado aos presos vinculados a uma organização criminosa do Rio de Janeiro. Conforme as investigações da época, ele tinha vínculo com um traficante de drogas que também estava preso no local.
Em 2020, Jackson foi transferido para o RS. O trâmite contou com escolta reforçada e aparato de segurança para a chegada dele no Aeroporto Salgado Filho. Do terminal, foi levado até a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan)
Omar Freitas/Agência RBS
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