Família cubana que viajava para o Uruguai fica ilhada no RS por 12 dias; confira relatos de pessoas que vivem drama das cheias


Chuvas atrapalharam os planos de Trina Mavidey e da família, que fizeram uma parada de fim de semana e ficaram ilhados em Porto Alegre. Cheias atingiram mais da metade dos bairros da Capital, afetando 157 moradores. Família cubana fica presa em Porto Alegre durante enchente
Reprodução/TV Globo
Uma família cubana ficou ilhada em Porto Alegre durante uma viagem que fazia ao Uruguai. O que seria uma parada de fim de semana se transformou em 12 dias de espera por conta dos temporais e das cheias, que já deixaram 151 mortos em todo Rio Grande do Sul.
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A técnica em construção civil Trina Mavidey afirma que, apenas nesta quinta-feira (16), conseguiu seguir viagem. A partida ocorre em em um terminal provisório na Zona Leste da Capital, já que a rodoviária está alagada há 15 dias. Apenas 5% das viagens estão ocorrendo e com destino exclusivo para o interior do Rio Grande do Sul.
“Nós viemos para ir ao Uruguai a passeio. Quando chegamos aqui, a inundação, a água, tudo passou, tudo isso. Foi uma coisa terrível”, diz
As cheias históricas do Guaíba, que ocorrem desde 29 de abril, causaram transtornos em mais da metade dos bairros de Porto Alegre e afetaram 157 mil moradores da capital. Os dados foram reunidos por um levantamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus).
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Homem caminha 6 horas para voltar para casa
O segurança Roberto Vaz foi a pé de Canoas, na Região Metropolitana, até a Capital. Foram seis horas de caminhado, diante da dificuldade de encontrar transporte. Ele estava ilhado em Canoas durante dez dias e foi a pé do bairro Marechal Rondon até o “corredor humanitário”, que é um caminho sedimentado construído no Centro Histórico acima de uma área alagada.
“Moro aqui na [rua] Riachuelo, no Centro Histórico de Porto Alegre. O método mais fácil que encontrei foi vir caminhando pela Freeway (BR-290). Sei que está difícil para todo mundo, mas sei o que povo gaúcho vai se ajudar e as coisas vão melhorar”, afirma.
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Médico viaja de São Paulo para auxiliar moradores
Francis Fujiu é médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em São Paulo. Assim como muitos profissionais de outras áreas, ele veio de outro estado para auxiliar as pessoas afetadas pelas enchentes no estado.
Nesta semana o Conselho Federal de Medicina (CFM) convocou médicos para atuar nas cidades gaúchas. Mais de 1,6 mil candidatos se candidataram em menos de um dia.
“A vítima às vezes está dentro da residência, passando frio, com fome, desidratada. A pessoa está sendo resgatada para fazer o primeiro atendimento no primeiro momento em que sai da água”, revela Francis.
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Bebê nasce em meio à enchente
Uma mulher foi carregada por 4km para ter auxílio em meio a um trabalho de parto, em Roca Sales, no Vale do Taquari. A Renata Aline dos Santos e a Luziéli Dias Josende estão juntas há 16 anos, e no ano passado decidiram ter um filho, que nasceu em meio à cheia do Rio Taquari.
Bombeiros e voluntários foram de barco ao hospital do município para pegar remédios e equipamentos para realizar um parto normal, o que não foi possível devido às condições clínicas. Assim, ela foi carregada em uma maca, levada em um barco por áreas alagadas e por fim, encaminhada de ambulância até o hospital de Encantado, município vizinho.
“É um menino que já nasceu com a estrela brilhando. É um menino que acho que vai ser um exemplo para muitas crianças. É um menino que já veio no meio de toda essa tragédia. É um menino que veio abençoar a cidade. É um que veio abençoar a cidade. Eu falo que ele é uma benção para todo mundo porque no meio de tudo isso que está acontecendo ele veio para trazer uma luz”, diz.
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Números da tragédia no RS
Os temporais e as enchentes que atingem o estado já deixaram 151 vítimas, segundo o boletim mais recente da Defesa Civil desta quinta-feira (15). Além disso, são 104 desaparecidos e 806 feridos.
São 617 mil pessoas fora de casa. Deste total, 540,1 mil estão desalojados (em casas de amigos ou parentes) e 77,2 mil foram acolhidos em abrigos.
O governo estima que a população afetada pelo evento climático seja de 2,2 milhões de gaúchos. Dos 497 municípios do RS, 461 registraram transtornos.
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