Especial de Roberto Carlos terá música inédita, reggae e clima de despedida; saiba bastidores

Para entender o especial de fim de ano de Roberto Carlos, 83 anos, para a TV Globo, gravado na noite de quarta-feira, no Allianz Parque, é melhor começar pelo final dele.

Para quem sempre reclama por novidades, o rei, no programa que comemora seus 50 anos de parceria com a emissora, terminou o especial com Emoções – aquela que diz “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi” e Eu Ofereço Flores, música que ele fez para seus súditos, lançada em 2023.

Soou como tom de despedida. Como se sabe, Roberto ainda não decidiu se continuará com seu vínculo com a Globo. Segundo o Estadão apurou, ele demonstra descontentamento com as novas condições que sua longeva casa lhe oferece para renovar o contrato que terminará em março de 2025. Pela primeira vez, ele mostrou-se aberto a considerar propostas de outras emissoras e plataformas de streaming.

No entanto, a troca de final – geralmente ele é feito com Jesus Cristo, quando o cantor distribui as disputadas rosas – pode apenas fazer parte das pequenas ousadias que Roberto cometeu nesse especial – o que nem sempre ele se permite.

A primeira delas: recebeu Gilberto Gil e, com ele, cantou o reggae Vamos Fugir, Depois, confessou ao baiano que sempre teve vontade de cantar A Paz, música de Gil e João Donato. E assim o fez.

Outra compositora estreante na voz de Roberto foi Dona Ivone Lara. Junto com Zeca Pagodinho, outro convidado da noite, ele cantou Sonho Meu, depois de, também juntos, cantarem Deixa Vida Me Levar. Pretinho da Serrinha os acompanhou no cavaquinho.

O público que lotou o Allianz – foram pouco mais de 30 mil pessoas, já que não havia setor de pista em pé no gramado, eram cadeiras –ovacionou a dupla Chitãozinho & Xororó.

Cantaram, obviamente, Evidências, lançada pela dupla e regravada por Roberto em 2022, juntos. A dupla ainda cantou Sinônimos. A plateia ficou querendo mais.

Wanderléa, parceira dos tempos da Jovem Guarda, amor não consumado, trouxe mais um pouco de audácia ao anfitrião ao cantar com ele Na Paz do Seu Sorriso, uma das grandes canções feitas por Roberto e Erasmo Carlos que Roberto esqueceu no tempo. Pena que o público de estádio – sempre há muito ruído e um cheiro de algo gorduroso no ar, que pode ser pipoca, batata frita ou hambúrguer – pouco se interessou em ouvir. Para quem gosta de música, será um prato cheio na tela da TV – isso se o número não for cortado na edição final.

Menos sedutor foi o encontro de Roberto com os músicos João Barone, Frejat e Paulo Ricardo em uma homenagem à Jovem Guarda. Algo não se encaixou muito bem, apesar do incontestável talento dos três convidados. De qualquer forma, nada fora do contexto. Eles são frutos de Roberto e sua turma.

O mesmo ocorreu quando as atrizes Letícia Colin, Dira Paes e Sophie Charlotte subiram ao palco – todas usando branco – para cantar com o rei. Nervosa, Letícia errou o tom e a letra ao começar a cantar Olha. Acertou na terceira.

Fã de telenovelas, Roberto gosta desses momentos. Eles também são a cara do diretor geral Boninho, que esteve em sua última grande missão pela TV Globo. O diretor deixará a emissora no fim de dezembro. Antes do show, ele disse aos jornalistas que já está “há 20 e tantos anos com Roberto”. Um integrante da equipe do cantor desmentiu ao Estadão. “Só porque é o Roberto as pessoas querem dizer que estão com ele há um montão de tempo”, disse.

Roberto mostrou música nova: Bicho Solto, que ele disse ter feito recentemente e que será lançada logo após o especial – a exibição está prevista para o dia 20 dezembro, segundo Boninho, embora outras datas já tenham sido cogitadas, como 23 ou 25 de dezembro. A canção tem o mesmo nome de uma música e de um álbum de Djavan.

A inédita é mais uma de amor. O refrão fala em “todo vira-lata por amor se torna um grande pedigree”. De qualquer forma, é uma nova canção de Roberto. Há que se louvar.

No mais, Roberto foi Roberto. Cantou seus grandes hits em um roteiro dividido por décadas, fez pequenas confidências ao público – embora estivesse menos falante e menos risonho do que em seus shows de carreira, o que pode, de fato, mostrar seu descontentamento atual. Em determinado momento, foi até seu maestro, Eduardo Lages, e gesticulou. Logo entrou a equipe técnica. Roberto parecia reclamar. Apontou para o relógio, mas, em seguida, sorriu.

Terminada a gravação, quando jogou rosas para o público acompanhado por todos os convidados da noite, voltou ao palco, já com as câmeras desligadas, para distribuir mais rosas. Ele joga cerca de 20 dúzias por show. Um rei que não abandona seus súditos. (Danilo Casaletti/AE)

Adicionar aos favoritos o Link permanente.