Rebeldes assumem o controle da segunda maior cidade da Síria

As forças de oposição da Síria tomaram o controle de grande parte da segunda maior cidade do país, Aleppo, após um avanço relâmpago que matou dezenas de soldados do governo em um grande desafio ao presidente Bashar al-Assad. Uma aliança rebelde lançou um ataque surpresa esta semana, varrendo rumo ao leste através de vilas e reacendendo um conflito que estava em grande parte parado há anos.

É a primeira vez que rebeldes sírios colocam os pés em Aleppo desde que as forças do governo de Bashar Al-Assad retomaram o controle durante a guerra civil, em 2016. Na manhã deste sábado (30), os rebeldes tomaram o controle de grandes áreas da cidade. Combatentes rebeldes foram vistos em locais importantes, com um vídeo mostrando homens armados agitando uma bandeira da oposição e gritando “Deus é grande” em árabe em uma praça central.

Outro clipe mostra rebeldes no centro de Aleppo. Pelo menos um homem no clipe está armado, como ele diz: “Somos os primeiros a chegar e os primeiros a conquistar.”

Os rebeldes também reivindicam o aeroporto da cidade. A única exceção parece ser a parte nordeste da cidade, onde alguns bairros permanecem sob o controle das forças do governo e dos aliados da milícia iraniana.

As forças rebeldes declararam um toque de recolher de 24 horas, que começará às 17h, horário local, neste sábado, para garantir “a segurança dos moradores da cidade e proteger a propriedade privada e pública de adulteração ou danos”.

O Ministério da Defesa da Síria disse que dezenas de soldados foram mortos na ofensiva de Aleppo. O órgão reconheceu que forças rebeldes entraram na cidade, mas alegou que elas “foram incapazes de estabelecer posições sólidas” e que reforços estavam chegando em preparação para uma contraofensiva.

Parece que os rebeldes que avançavam encontraram pouca resistência do Exército sírio, com vários moradores de Aleppo dizendo que houve combates mínimos nas áreas urbanas da cidade. Em resposta ao avanço rebelde, a força aérea russa lançou na sexta-feira (29) uma ofensiva aérea contra as forças rebeldes sírias nas províncias de Aleppo e Idlib, informou a mídia estatal russa.

Vídeo da parte ocidental da cidade mostrou várias vítimas após um ataque aéreo neste sábado. Não se sabe se uma aeronave síria ou russa realizou o ataque. A imagem mostrou pelo menos sete corpos, além de pessoas com queimaduras graves.

As forças curdas também expandiram seu controle de alguns bairros de Aleppo, disseram moradores. Antes do ataque desta semana, eles ocupavam dois bairros curdos, mas agora se mudaram para áreas que o regime sírio costumava controlar. A milícia curda, conhecida como YPG, tem um histórico de conflito com outros grupos rebeldes no norte da Síria.

Já houve um confronto neste sábado entre membros da aliança rebelde e combatentes curdos dentro da cidade. Parte da coalizão rebelde diz que agora pretende lançar uma ofensiva contra os grupos curdos que controlam partes da província de Aleppo ao norte.

Os rebeldes fazem parte de uma coalizão recém-formada chamada “Comando de Operações Militares”, que inclui um amplo espectro de combatentes da oposição, incluindo facções islâmicas e grupos moderados antes apoiados pelos EUA.

A coalizão foi anunciada na quarta-feira antes do ataque a Aleppo. O tenente-coronel Hassan Abdelghani, um comandante da coalizão, disse que seu objetivo era “libertar nossos territórios ocupados” do que ele chamou de “regime criminoso”, bem como das milícias iranianas. A ofensiva, que começou na quarta-feira, é o primeiro grande conflito em anos entre a oposição síria e o regime do presidente Bashar al-Assad, que governa o país devastado pela guerra desde 2000.

A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe de 2011, quando o regime reprimiu uma revolta pró-democracia contra Assad. O país mergulhou em uma guerra civil em larga escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.

O conflito aumentou à medida que outros atores regionais e potências mundiais – da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia – se juntaram, intensificando a guerra civil para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.

O Estado Islâmico também conseguiu ganhar uma posição no país antes de sofrer golpes significativos. Desde o acordo de cessar-fogo de 2020, o conflito permaneceu em grande parte adormecido, com confrontos de baixa intensidade entre os rebeldes e o regime de Assad.

Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com as Nações Unidas, e milhões de pessoas foram deslocadas na região. As informações são do portal de notícias da CNN Brasil.

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