Empresário suspeito de corrupção na Smed se apresenta para cumprir ordem de prisão

O empresário Jailson Ferreira da Silva, apontado como possível pivô em um caso de corrupção envolvendo a Secretaria Municipal da Educação de Porto Alegre (Smed), apresentou-se na tarde desta segunda-feira (2) para cumprir o mandado de prisão preventiva, sem previsão de soltura.

Ele estava foragido desde 12 de novembro, data em que a Polícia Civil deflagrou a terceira fase da Operação Capa Dura, denominada Prefácio. Na ocasião, o empresário deixou sua residência pouco após as 5h, minutos antes da chegada dos policiais que cumpririam o mandado. Desde então, não se apresentou às autoridades, sendo considerado foragido.

Por volta das 14h30 desta segunda-feira, o advogado Nereu Giacomolli, que representa Jailson, informou que ele se encontrava no Foro Central, aguardando para se apresentar ao juiz João Garcez de Moraes Neto, do 1º Juízo da 1ª Vara Estadual de Processos e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro. Segundo o advogado, após a apresentação, Jailson será encaminhado ao local definido pelo magistrado para o início do cumprimento da prisão.

Jailson é investigado por supostamente se beneficiar do direcionamento de compras realizadas pela Secretaria Municipal da Educação de Porto Alegre (Smed) em 2022. Ele é acusado de pagar propina a agentes públicos e privados após os negócios.

Empresas representadas por Jailson comercializaram aproximadamente 500 mil livros e 104 laboratórios de ciências e matemática, totalizando R$ 43,2 milhões. A Polícia Civil aponta que ele teria recebido uma comissão de ao menos R$ 14 milhões dessas transações. Desse montante, R$ 556 mil teriam sido repassados ao advogado Maicon Callegaro Morais, valor suspeito de ser propina.

Essas transferências coincidiram com os períodos em que a Smed efetuou pagamentos às empresas vinculadas a Jailson. Maicon é apontado como intermediário entre Jailson e Reginaldo Bidigaray, ex-chefe de gabinete do vereador afastado Pablo Melo (MDB), filho do prefeito Sebastião Melo, que não está sendo investigado.

Além disso, Jailson teria pago R$ 300 mil em propina à ex-secretária Sônia da Rosa, utilizando o valor como parte da quitação de um apartamento em Porto Alegre. Na terceira etapa da Operação Capa Dura, além de ter sua prisão decretada, foram bloqueados 31 bens móveis e imóveis ligados a Jailson, avaliados em cerca de R$ 22 milhões.

O advogado Nereu Giacomlli se pronunciou em nota:

“Jailson se apresentou espontaneamente ao juiz do processo. Diz que nunca transferiu dinheiro, conforme as últimas notícias, e que os documentos relativos aos imóveis já estavam em poder da autoridade policial desde o início das investigações, conforme seu depoimento prestado há quase um ano. Não conhece o advogado Maicon e nem lhe transferiu os R$ 556.000,00, conforme consta no pedido de prisão. A defesa não teve acesso a qualquer transferência de Jailson a Maicon. Isso deverá ser devidamente apurado pelo MP”.

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