Jogo do tigrinho: polícia investiga influenciadoras digitais de SP por lavagem de dinheiro obtido com ‘golpe do investimento’ no RS


Vítimas sofreram prejuízos que chegam até R$ 400 mil. Investigadas ostentam vida de luxo nas redes sociais. Influenciadoras investigadas ostentavam vida de luxo nas redes sociais
Reprodução
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga duas influenciadoras digitais de Campinas, em São Paulo, por suposto envolvimento na lavagem de dinheiro que teria sido obtido por meio “golpe do falso investimento” (saiba mais abaixo). Segundo a apuração, elas promoviam o “jogo do tigrinho” nas redes sociais.
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Vítimas foram identificadas no RS, em SP e no Sergipe. Os prejuízos variam de R$ 40 mil a R$ 400 mil.
Nesta quinta-feira (5), mandados de busca e apreensão foram cumpridos no RS, SP e SE. Carros de luxo, celulares, cartões bancários, computadores e pendrives foram apreendidos. São apurados os crimes de estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Além das influenciadoras, são alvos uma pessoa suspeita de adquirir criptomoedas para lavar o dinheiro obtido com os golpes e repassar para contas de uma empresa de publicidade ligadas às duas, além de outras pessoas que fariam parte do esquema, de acordo com a Polícia Civil.
Nas redes sociais, as duas influenciadoras ostentam uma vida de luxo, com publicações de fotos e vídeos onde mostram a aquisição de carros milionários e maços de dinheiro.
“As influenciadoras, em suas páginas na internet, promovem especialmente propagandas de jogos ilegais, como o jogo do tigrinho, jogo da tarefa e também de bets”, explica a delegada responsável pela investigação, Luciane Bertoletti.
Porsche comprado pelas influenciadoras que foi apreendido pela polícia durante operação
Polícia Civil/Divulgação
Golpe do falso investimento
A Polícia Civil no RS começou a investigar o caso depois que uma vítima do esquema procurou a delegacia de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, neste ano.
Ela contou que foi abordada na rua por uma pessoa que procurava o endereço de um escritório de investimentos. O estelionatário puxou conversa, disse que havia recebido uma herança e que ela deveria ser retirada no escritório. Em seguida, outro criminoso apareceu e informou o endereço do escritório. Depois, o suposto herdeiro encenou ter ligado para o local e mentiu que foi informado que precisaria de duas testemunhas para ter acesso à quantia de R$ 2 milhões à qual teria direito.
Enganada, a vítima foi até o local com a dupla e foi convencida a transferir R$ 40 mil para uma conta, pois somente dessa forma a herança seria liberada – sob a promessa de receber os R$ 40 mil de volta mais uma parte da herança.
A vítima e os estelionatários trocaram contatos, mas ela conta que nunca conseguiu falar com eles. Ao buscar o suposto escritório de investimentos onde a tratativa havia acontecido, foi surpreendido ao perceber que o espaço havia sido desocupado. Foi assim que percebeu que havia sido vítima de um golpe, que a polícia chama de “golpe do investimento”.
Estrutura do esquema
Ao longo da investigação, a Polícia Civil identificou um grupo para o qual era transferido o dinheiro obtido com os golpes, em Passo Fundo, no Norte do Rio Grande do Sul. Esse grupo repassava, então, o valor para criminosos no Sergipe, responsáveis por administrar o dinheiro e as contas bancárias.
“Esses valores, segundo apurado, seriam misturados com outros faturados pelas empresas das influenciadores e outra parte convertidos em criptomoedas. Com a mescla do capital e a ocultação dos ativos provenientes de infrações penais, os investigados lavariam o dinheiro ilícito [que era transformado em lícito]”, explica a delegada Luciane.
Outros influenciadores que receberam dinheiro das vítimas também estão sendo investigados, de acordo com a Polícia Civil.
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